O que afirmo se baseia em dois fatos:
1_A crônica literária, num conceito clássico, teria um pé
fincado na realidade, ou, pelo menos, numa razoável
verossimilhança com ela;
2_Num livro de crônicas, como é anuncoado "Bodes
curandeiros & montanhas de aquário", coontando com
41 textos de suposta crônica, conta-se cerca de dez
crônicas no sentido usual.
Ora, isso é muito pouco para um autor de livro se
denominar 'cronista'. Sendo a proporão de 1/4 dos textos
crônicas 'quase' insofismáveis, no máximo, o autor é
"1/4 cronista".
Portanto, o critério não é qualitativo, mas quantitativo!
- E os textos, como são? Não têm nenhum valor literário?
Ah, pelo contrário, são excelentes peças de poesia,
entremeadas com, como diz o prefaciador, Marcos Samuel
Costa, "fragmentos de romances, peças de teatro, novelas
e ensaios...".
Gigio, às vezes, começa bem "normal", mas logo descamba
(não 'cai', transpõe-se) para a poesia. Outras vezes já inicia
poetando desde o comecinho.
Resumindo: Para quem busca crônicas no estilo clássico,
recomendo obras de Fernando Sabino, Rubem Braga,
Paulo Mendes Campos, e outros consagrados.
Agora, se o interesse é poesia, contos, teatro, aí sim, Gigio
Ferreira fica muito bem cotado.
Evidentemente, esta não é opinião de um crítico literário,
são apenas considerações do tesco e, como todos sabem,
opiniões do tesco são muito questionáveis, mas ouso
comparar Gigio, no nicho de contos, aos mestres Machado
de Assis e Lima Barreto.
Em se tratando de poesia, não ouso tanto, em poesia sou
muito restrito, admirador de forma fixa, rimas e métrica.
Ainda vibro com Petrarca, Dante, Camões, Drummond, Bilac.
Mestre Gigio alça voos muito altos para mim, e dessas
alturas eu temo cair!
O sortesco 387 nos brinda com o "Bodes curandeiros...", não
é porque 'enchi o saco da leitura', não. É que creio ser salutar
ler Gigio Ferreira, por isso, para quem ainda não se decidiu a
adquirir algum de seus livros, vai aqui um aperitivo!
Para quem for o ganhador, boa degustação!
Abraço do tesco.
domingo, 29 de janeiro de 2017
SORTESCO 387
BODES CURANDEIROS &
MONTANHAS DE AQUÁRIO
GIGIO FERREIRA
"A primeira impresão quando se lê esse livro de crônicas de
Gigio Ferreira é de estar entrando em contato com excelentes
fragmentos de romances, peçasqde teatro, novelas e ensaios...
e tudo misturado! E, para a nossa imensa alegria essa bendita
mistura vive em perfeita harmonia com o cosmo vigente!
É isso que ele nos proporciona com suas imagens maravilhosas,
dos seus delírios contamos as pedras das ruas, um pouco de
cada umde nós quando ouve os lamentos dos ventos.
Há cinema e teatro em suas linhas abertas, cada crûnica é
uma sincera afirmação, uma not´cia apaixonada..."
(do prefácio de Marcos Samuel Costa)
consta de 41 crônicas em 100 páginas.
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O sorteio (item 2 do Regumento) será em 04/02/201.
sábado, 28 de janeiro de 2017
SORTESCO 386 - RESULTADO
(DEIXA A CRIANÇA SER TÍMIDA /TÃO EU, TÃO VOCÊ)
A dezena sorteada hoje foi 74,
e a opção vencedora é de:
A dezena sorteada hoje foi 74,
e a opção vencedora é de:
CHICO!
Parabéns!
quinta-feira, 26 de janeiro de 2017
SORTESCO D 34
CD ROBERTO CARLOS 1967
"EM RITMO DE AVENTURA"
A trilha sonora do filme"Roberto Carlos em Ritmo de Aventura",
de 1967, é o que apresenta este CD. As músicas têm o
acompanhamento instrumental de Renato e Seus Blue Caps e
do tecladista Lafayette, que inovou na faixa “E por isso estou
aqui” tocando cravo. São estas as 12 faixas:
01.Eu Sou Terrível (Roberto Carlos - Erasmo Carlos)
02.Como É Grande o Meu Amor por Você" (Roberto Carlos)
03.Por Isso Corro Demais" (Roberto Carlos)
04.Você Deixou Alguém A Esperar" (Édson Ribeiro)
05.De Que Vale Tudo Isso" (Roberto Carlos)
06.Folhas De Outono" (Francisco Lara - Jovenil Santos)
07.Quando" (Roberto Carlos)
08.É Tempo De Amar" (Pedro Camargo - José Ari)
09.Você Não Serve Pra Mim" (Renato Barros)
10.E Por Isso Estou Aqui" (Roberto Carlos)
11.O Sósia" (Getúlio Côrtes)
12.Só Vou Gostar De Quem Gosta De Mim" (Rossini Pinto)
CD A MÚSICA DO SÉCULO
Coleção CARAS volume 38
Como representantes do século 20 a maioria passa com
boa nota, mas, como sempre em seleções desse tipo,
algumas não me entram na cachola: Como é que
"Midnight train to Georgia" consegue ter admiradores?
As 12 faixas sqão estas:
01.Jimmy Cliff – Samba Reggae
02.Leroy Gomez – Don’t Let Me Be Misunderstood
03.Pat Boone – Speedy Gonzales
04.Clarence Carter – Everybody Plays The Fool
05.Gladys Knight & The Pips – Midnight Train To Georgia
06.Harold Melvin & The Blue Notes – The Love I Lost
07.Anita Ward – Ring My Bell
08.The Foundations – Baby, Now That I’ve Found You
09.The Oceans – Put Your Hand In My Hand
10.Dell Vikings – Come Go With Me
11.Sergio Endrigo – Canzone Per Te
12.Iva Zanicchi – Va Pensiero
CD KIKO ZAMBIANCHI
SÉRIE RETRATOS
Sucesso nacional em 1985, com "Primeiros erros", tem
algumas boas melodias, mas não chega a ser entusiasmante.
01.Primeiros Erros (Chove)
02.Tempo Perdido
03.Rolam as Pedras
04.Nossa Energia
05.Júlia
06.Estréia
07.Você Perde
08.Só Você Não Sabe
09.Sempre Achei que Isso Não Era Legal
10.Estranho Prazer
11.Imaginação
12.Naufrágio
13.Mulher Assim
14.Nossos Sentimentos
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(ou data indicada pela Caixa).
quarta-feira, 25 de janeiro de 2017
SORTESCO D 33 - RESULTADO
(CD's RC San Remo 1968 /
MÚSICA DO SÉCULO vol. 29 /
AS 14 MAIS vol. 29)
A dezena sorteada hoje foi 10,
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MÚSICA DO SÉCULO vol. 29 /
AS 14 MAIS vol. 29)
A dezena sorteada hoje foi 10,
e a opção vencedora é de:
CLARA LÚCIA!
Parabéns!
domingo, 22 de janeiro de 2017
SORTESCO 386
DEIXA A CRIANÇA SER TÍMIDA
FABRÍCIO CARPINEJAR
"Excesso de cuidado estraga tanto quanto a falta dele.
A criança não pode perder a possiblidade de escolha.
Tem direito ao pudor, à cautela, ao mistério,â insegurança.
A timidez ajuda a conhecer e preservar a solidão."
Com116 páginas.
TÃO EU, TÃO VOCÊ
FABRÍCIO CARPINEJAR
Crônicas do autor exclusivamente sobre seu relacionamento
com a filha Mariana. Separado da esposa, a filha foi morar
com a mãe, depois veiomorar com o pai. Carpinejar questiona
esse seu relacionamento: "Não fui um bom pai" é a tônica
dominante. Apenas76 páginas.
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O sorteio (item 2 do Regumento) será em 28/01/201.
sábado, 21 de janeiro de 2017
SORTESCO 385 - RESULTADO
(CALVIN: TEM ALGUMA COISA BABANDO...)
A dezena sorteada hoje foi 58,
e a opção vencedora é de:
A dezena sorteada hoje foi 58,
e a opção vencedora é de:
SÉRGIO!
Parabéns!
quinta-feira, 19 de janeiro de 2017
SORTESCO D 33
Apesar do título, o álbum foi lançado em 1976 e reúne faixas
gravadas entre 1967 e 1973 que não haviam sido incluídas nos
LPs anteriores, tendo sido lançadas em compactos e na série
de coletâneas As 14 Mais. O título se refere ao festival de San
Remo de 1968, quand Roberto conquistou o primeiro prêmio
com a música Canzone per te, que abre o disco.
01.Canzone per te (Sergio Endrigo - Sergio Bardotti)
02.Eu daria a minha Vida (Martinha)
03.Maria, Carnaval e Cinzas (Luiz Carlos Paraná)
04.Você me pediu (Luiz Fabiano)
05.Com muito Amor e Carinho (Eduardo Araújo - Chil Deberto)
06.Sonho lindo (Maurício Duboc - Carlos Colla)
07.Un gatto nel' blu (Toto Savio)
08.O Show já terminou (Roberto Carlos - Erasmo Carlos)
09.Ai que Saudades da Amélia (Ataulfo Alves - Mário Lago)
10.Custe o que custar (Édson Ribeiro - Hélio Justo)
11.Eu amo demais (Renato Corrêa)
12.Eu disse adeus (Roberto Carlos - Erasmo Carlos)
CD A MÚSICA DO SÉCULO
Coleção CARAS volume 29
Vários sucessos indiscutíveis, como "I am what I am", "Lonely
boy" ou "Waçk on by", mas canções como "Parole, parole" e
"Please, please, please" nunca entenderei como atingiram
tanto destaque. No entanto, no geral, o saldo é positivo.
01.Gloria Gaynor – I Am What I Am
02.Dalida & Alain Delon – Parole Parole
03.Paul Anka – Lonely Boy
04.Sam Cooke – You Send Me
05.Kenny Rogers – Love Me Tender
06.Aretha Franklin – Don’t Go Breaking My Heart
07.Rose Royce – Car Wash
08.The Carpenters – Desperado
09.James Brown – Please, Please, Please
10.Dionne Warwick – Walk On By
11.Jimi Hendrix – Under The Table
12.Ray Charles – Sentimental Blue
CD AS 14 MAIS – Vol. 29
CD que replica o LP de 1979, que finaliza a série iniciada em
1960. Pode-se notar a variedade de gêneros que disputavam
a preferência dos ouvintes nesse período. Ainda não havia a
massificação - ou massacre- pelos meios de comunicação, e
se podia escolher a música de seu próprio gosto.
Eis as 14 faixas:
01. Agepê – Menina Da Beira Da Praia
02. Miss Lene – Deixa A Música Tocar
03. Jorginho do Imperio – Hora De Amar
04. Nalva Aguiar – Menino Do Zóio Meu
05. José Roberto – Nega, Neguinha
06. Lilian – Miragem
07. Tony Lemos – Recordações
08. Fagner – Revelação
09. Zé Ramalho – Avôhai
10. Novos Baianos – Farol Da Barra
11. Fernando Santos – Africano
12. Edson Conceição – Samba, é o Povo Cantando Poesia
13. Kátia – Tão Só
14. Hyldon – Para Sempre
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O sorteio (item 2 do Regulamento) será em 25/01/2017.
(ou data indicada pela Caixa).
domingo, 15 de janeiro de 2017
SORTESCO 385
AVENTURAS DE CALVIN E HAROLDO:
TEM ALGUMA COISA
BABANDO DEBAIXO DA CAMA
BILL WATTERSON
As mirabolantes aventuras de um garoto de seis anos e seu
tigre de pelúcia, temperadas por sua imaginação e em
confronto com a realidade. Calvin é um filho único, sem
vizinhos infantis, exceto sua colega de escola, Suzie, o que
não satisfaz seus anseios machistas. Doutrinado por filmes
de TV, que difundem conceitos extremados de individualismo,
egoísmo, nacionalismo, inimigos e monstros, Calvin vive um
mundo surrreal, o que é acentuado por sua mãe - que não
gosta dele (queria uma menina) - e seu pai - que lhe ensina
fantasias como se fossem realidade - está em constante atrito
com a vida real. Livro de formato quadrado, 21x22 cm, de
128 páginas.
INSCREVA -SE ASSIM:
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O sorteio (item 2 do Regumento) será em 21/01/2017.
domingo, 1 de janeiro de 2017
DEPOIMENTO
O livro "Instruções psicofônicas", de Chico Xavier, nao é
psicografia, é sim, a transcrição de mensagens transmitidas
pelo médium, oralmemte.
Foi composto e publicado em 1955, e contém mensagens
muito interessantes.
Uma delas, que apresento a vocês agora, demonstra que,
muitas vezes, o "castigo divino" não nos é imposto por
nenhuma autoridade, além da própria consciência do infrator.
É o mecanismo descrito por Dostoiévski em sua novela
"Crime e castigo".
Mostra também que a consciência culpada, incapaz de
moldar um organismo completamente sadio, se torna
responsável por muitas das deficiências e limitações que o
espírito tem que superar em sua imediata encarnação no
nosso planeta.
Conclamo a todos à leitura atenta.
Quem não acredita na comunicação dos espíritos ou - pior
ainda - não acredita em espíritos (o que é um contra senso,
pois todos nós somos espíritos), leia como peça de literatura:
é um tema empolgante!
Transcrevo o capítulo integralmente, para permitir o
entendimento do caso pelo leitor:
DEPOIMENTO
A mensagem de J. P., que designamos apenas por suas Iniciais,
em virtude da comovente lição que nos traz, foi recebida na
noite de 13 de maio de 1954, no encerramento de nossas tarefas.
Para elucidar certas passagens desta comunicação psicofônica,
é forçoso esclarecer que ele nos visitara anteriormente, sendo
socorrido pela doutrinação evangélica.
É curioso notar que uma de nossas irmãs, elemento efetivo de
nosso Grupo e esposa de um dos nossos companheiros, meses
antes da mensagem que aqui transcrevemos, revelava todos
os sintomas de uma gravidez aparente e dolorosa, tendo sido
tratada espontaneamente, em várias reuniões sucessivas, por
um de nossos Benfeitores Espirituais que, carinhosamente, a
libertou, através de passes magnéticos, das estranhas
impressões de que se via possuida.
Com grande surpresa para nós, viemos então a saber que o
Espírito J. P. era o candidato ao renascimento que não chegou
a positivar-se.
Cremos sejam necessárias as presentes anotações, não
só para que a mensagem seja devidamente aclarada, como
também para estudarmos importantes Incidentes que podem
ocorrer, entre dois mundos, em nossa vida comum.
Com a inflexão de quem chorava intimamente, o visitante
assim se expressou, sensibilizando-nos a todos:
~~~ ~~~ ~~~
13 de maio de 1954!...
Há precisamente sessenta e seis anos eram declarados livres
todos os escravos no território brasileiro.
E talvez comemorando o acontecimento, determinam os
instrutores desta casa vos fale algo de minha história, de
minha escura história, porqüanto, em seus últimos lances,
ela se encontra de certo modo associada à obra espiritual
de vosso Grupo.
J. P. foi o meu nome em Vassouras, a fidalga Vassouras do
Segundo Império.
Resumirei meu caso, tanto quanto possível, porque, como
é fácil perceberdes, não passo ainda de pobre viajante da
sombra, em árduo serviço na própria regeneração.
Em março de 1888 fui convidado a participar de expressiva
reunião da Câmara Vassourense por meu velho amigo Doutor
Correia e Castro. [O comunicante refere-se a pessoa de suas
relações íntimas, em 1888. — Nota do organizador].
Cogitava-se da adoção de medidas compatíveis com a
campanha abolicionista, então na culminância.
Alguns conselheiros propuseram que todos os fazendeiros
do Município instituíssem a liberdade espontânea, a favor do
elemento cativo, com a obrigação de os escravos alforriados
prosseguirem trabalhando, por mais cinco anos consecutivos,
numa tentativa de preservação da economia regional.
Discussões surgiram acaloradas.
Diversos agricultores inclinavam-se à ponderação e à
benevolência.
Entretanto, eu era daqueles que pugnavam pela escravatura
irrestrita.
Encolerizado, ergui minha voz.
Admitia que o negro havia nascido para o eito.
Nada de concessões nem transações.
O senhor era senhor com direito absoluto; o escravo era
escravo com irremediável dependência.
Aderi ao movimento contrário à proposta havida, e nós, os da
violência e da crueldade, ganhamos a causa da intolerância
porque, então, Vassouras prosseguiu esperando as surpresas
governamentais, sem qualquer alteração.
De volta ao lar, porém, vim a saber que a inspiração da
providência sugerida partira inicialmente de um homem
simples, de um homem escravizado...
Esse homem era Ricardo, servo de minha casa, a quem
presumia dedicar minha melhor afeição.
Era meu companheiro, meu confidente, meu amigo...
Inteligência invulgar, traduzia o francês com facilidade.
Comentávamos juntos as notícias da Europa e as intrigas da
Corte... Muitas vezes, era ele o escrivão predileto em meus
documentários,
orientador nos problemas graves e irmão nas horas difíceis...
Minha amizade, contudo, não passava de egoísmo implacável.
Admirava-lhe as qualidades inatas e aproveitava-lhe o concurso,
como quem se reconhece dono de um animal raro e queria-o
como se não passasse de mera propriedade minha.
Enraivecido, propus-me castigá-lo.
E, para escarmento das senzalas, na sombra da noite,
determinei a imediata prisão de quem havia sido para mim
todo um refúgio de respeito e carinho, qual se me fora filho
ou pai.
Ricardo não se irritou ante o desmando a que me entregava.
Respondeu-me às perguntas com resignação e dignidade.
Calmo, não se abateu diante de minhas exigências. Explicou-se,
imperturbável e sereno, sem trair a humildade que lhe brilhava
no espírito.
Aquela superioridade moral atiçou-me a ira.
Golpeado em meu orgulho, ordenei que a prisão no tronco
fosse transformada em suplício.
Gritei, desesperado.
Assemelhava-me a fera a cair sobre a presa.
Reuni minha gente e as pancadas — triste é recordá-las! —
dilaceraram-lhe o dorso nu, sob meus olhos impassíveis.
O sangue do companheiro jorrou, abundante.
A vítima, contudo, longe de exasperar-se, entrara em
lacrimoso silêncio.
E, humilhado por minha vez, à face daquela resistência
tranqüila, induzi o capataz a massacrar-lhe as mãos e os pés.
A recomendação foi cumprida.
Logo após, porque o sangue borbotasse sem peias, meu
carrasco desatou-lhe os grilhões...
Ricardo, na agonia, estava livre...
Mas aquele homem, que parecia guardar no peito um coração
diferente, ainda teve forças para arrastar-se, nas vascas da
morte, e, endereçando-me inesquecível olhar, inclinou-se à
maneira de um cão agonizante e beijou-me os pes...
Não acredito estejais em condições de compreender o martírio
de um Espírito que abandona a Terra, na posição em que a
deixei...
Um pelourinho de brasas que me retivesse por mil anos
sucessivos talvez me fizesse sofrer menos, pois desde aquele
instante a existência se me tornou insuportável e odiosa.
A Lei Áurea não me ocupou o pensamento.
E quando a morte me requisitou à verdade, não encontrei no
imo do meu ser senão austero tribunal, como que instalado
dentro de mim mesmo, funcionando em ativo julgamento que
me parecia nunca terminar...
Lutei infinitamente.
Um homem perdido por séculos, em noite tenebrosa, creio eu
padece menos que a alma culpada, assinalando a voz gritante
da própria consciência.
Perdi a noção do tempo, porque o tempo para quem sofre sem
esperança se transforma numa eternidade de aflição.
Sei apenas que, em dado instante, na treva em que me debatia,
a voz de Ricardo se fez ouvir aos meus pés:
— Meu filho!... meu filho!...
Num prodígio de memória, em vago relâmpago que luziu na
escuridão de minhalma, recordei cenas que haviam ficado a
distância [Ao contacto do benfeitor espiritual, a entidade
sofredora entrou a lembrar-se de existência anterior, em que
a vítima lhe fora pai na experiência terrestre. — Nota do
organizador], quadros que a carne da Terra havia conseguido
transitoriamente apagar...
Com emoção indizível, vi-me de novo nos braços de Ricardo,
nele identificando meu próprio pai... meu próprio pai que eu
algemara cruelmente ao poste de martírio e a cuja flagelação
eu assistira, insensível, até ao fim...
Não posso entender os sentimentos contraditórios que então
me dominaram...
Envergonhado, em vão tentei fugir de mim mesmo.
Em desabalada carreira, desprendi-me dos braços carinhosos
que me enlaçavam e busquei a sombra, qual o morcego que
se compraz tão somente com a noite, a fim de chorar o remorso
que meu pai, meu amigo, meu escravo e minha vítima não
poderia compreender...
No entanto, como se a Justiça, naquele momento, houvesse
acabado de lavrar contra mim a merecida sentença
condenatória, após tantos anos de inquietação, reconheci,
assombrado, que meus pés e minhas mãos estavam retorcidos...
Procurei levantar-me e não consegui.
A Justiça vencera.
Achava-me reduzido à condição de um lobo mutilado e urrei
de dor... Mas, nessa dor, não encontrei senão aquelas mesmas
criaturas que eu havia maltratado, velhos cativos que me
haviam conhecido a truculência... E, por muitos deles, fui
também submetido a processos pavorosos de dilaceração. (*)
(*) [Refere-se o comunicante a sofrimentos que experimentou
nas regiões inferiores da vida espiritual, sob a vingança de
muitas das suas antigas vítimas revoltadas. — Nota do
organizador].
Passei, porém, a rejubilar-me com isso.
Guardava, no fundo, a consolação do criminoso que se sente,
de alguma sorte, reabilitado com a punição que lhe é imposta.
A expiação era serviço que eu devia à minha própria alma.
Se algum dia pudesse rever Ricardo — refletia —, que eu
comparecesse diante dele como alguém que lhe havia
experimentado as provações.
Lutei muito, repito-vos!...
Sofri terrivelmente, até que, certa noite, fui conduzido por
invisíveis mãos ao lar de um companheiro em cuja simpatia
recolhi algum descanso...
Aí, de semana a semana, comecei a ouvir palavras diferentes,
ensinamentos diversos, explanações renovadoras. (**)
(**) [Refere-se o comunicante ao culto doméstico do Evangelho,
existente no lar do nosso companheiro de quem se havia
aproximado. — Nota do organizador].
Modificaram-se-me os pensamentos.
Doce bálsamo alcançou-me o espírito dolorido. E, desse
santuário de transformação, vim, certa feita, ao vosso Grupo.
(***) [A entidade reporta-se à primeira visita que fez ao nosso
Grupo, quando foi atendida por nossa casa, através da
incorporação mediúnica, em 1952. — Nota do organizador].
Há quase dois anos, tive o conforto de desabafar-me convosco,
de falar-vos de meus padecimentos e de receber-vos o óbolo de
fraternidade e oração.
Mas porque desejasse associar-me mais intimamente ao lar em
que me reformava, atirei-me apaixonadamente aos braços dos
amigos que me acolhiam, intentando consolidar mais
amplamente a nossa afeição.
Queria renascer, projetando-me em vosso ambiente... Para isso,
busquei-vos como o sedento anseia pela fonte... E tudo fiz para
exteriorizar-me; entretanto, eu não possuía forças para
mentalizar as mãos e os pés!
Se eu retomasse a carne, seria um monstro e se concretizasse
meu sonho louco teria cometido tremendo abuso...
Além disso, estaria na posição de um aleijado, simplesmente
regressando do inferno que havia gerado para si mesmo.
Nesse ínterim, contudo, os instrutores de vossa casa me
socorreram...
Auxiliaram-me, sem alarde, noite a noite, e, graças ao Senhor,
meu propósito foi frustrado.
Mas, se é verdade que não pude retratar-me de novo, no campo
da densa matéria, para tentar o caminho de reencontro com
Ricardo, recebi convosco, ao contacto da prece, o reajuste de
minhas mãos e de meus pés.
Orando em vossa companhia e mentalizando a minha
renovação em Cristo, minha vida ressurge transformada.
Agora, esperarei o dia de minha volta ao campo normal da
experiência humana, a fim de, em me banhando na corrente
da vida física, apagar o passado e limpar minhas culpas,
através do trabalho, com a minha justa escravização ao dever,
para, então, mais tarde, cogitar da suspirada ascensão.
Mas, porque recompus minha forma, aqui estou convosco e
vos digo: — Aleluia!...
— Viva a liberdade!
Louvo a liberdade que me permite agora pensar em receber
o bem-aventurado cativeiro da prova, favorecendo-me por
fim o galardão da cura!
Amigos, eis que nos achamos em 13 de maio de 1954!
Para minhalma, depois de 66 anos, raia um novo dia...
Para mim, a luz não tarda!... a luz de renascer! E assim me
expresso, porque somente na esfera de luta em que vos
encontrais como privilegiados tarefeiros, por bondade de
Nosso Senhor Jesus-Cristo, é que poderei encontrar o sol da
redenção.
Agradeço-vos a todos, recomendando-me feliz às preces de
todos os companheiros, preces que constituem vibrações de
amor que ainda me empenho em recolher, como sementes de
renovação para o dia de amanhã que espero, em Jesus, seja
enfim abençoado...
Que o Senhor nos ampare.
J. P.
*** *** ***
De qualquer modo, é uma leitura que vale a pena!
Meditem no ensinamento e tenham um Feliz Ano Novo!
Abraço do tesco.
psicografia, é sim, a transcrição de mensagens transmitidas
pelo médium, oralmemte.
Foi composto e publicado em 1955, e contém mensagens
muito interessantes.
Uma delas, que apresento a vocês agora, demonstra que,
muitas vezes, o "castigo divino" não nos é imposto por
nenhuma autoridade, além da própria consciência do infrator.
É o mecanismo descrito por Dostoiévski em sua novela
"Crime e castigo".
Mostra também que a consciência culpada, incapaz de
moldar um organismo completamente sadio, se torna
responsável por muitas das deficiências e limitações que o
espírito tem que superar em sua imediata encarnação no
nosso planeta.
Conclamo a todos à leitura atenta.
Quem não acredita na comunicação dos espíritos ou - pior
ainda - não acredita em espíritos (o que é um contra senso,
pois todos nós somos espíritos), leia como peça de literatura:
é um tema empolgante!
Transcrevo o capítulo integralmente, para permitir o
entendimento do caso pelo leitor:
DEPOIMENTO
A mensagem de J. P., que designamos apenas por suas Iniciais,
em virtude da comovente lição que nos traz, foi recebida na
noite de 13 de maio de 1954, no encerramento de nossas tarefas.
Para elucidar certas passagens desta comunicação psicofônica,
é forçoso esclarecer que ele nos visitara anteriormente, sendo
socorrido pela doutrinação evangélica.
É curioso notar que uma de nossas irmãs, elemento efetivo de
nosso Grupo e esposa de um dos nossos companheiros, meses
antes da mensagem que aqui transcrevemos, revelava todos
os sintomas de uma gravidez aparente e dolorosa, tendo sido
tratada espontaneamente, em várias reuniões sucessivas, por
um de nossos Benfeitores Espirituais que, carinhosamente, a
libertou, através de passes magnéticos, das estranhas
impressões de que se via possuida.
Com grande surpresa para nós, viemos então a saber que o
Espírito J. P. era o candidato ao renascimento que não chegou
a positivar-se.
Cremos sejam necessárias as presentes anotações, não
só para que a mensagem seja devidamente aclarada, como
também para estudarmos importantes Incidentes que podem
ocorrer, entre dois mundos, em nossa vida comum.
Com a inflexão de quem chorava intimamente, o visitante
assim se expressou, sensibilizando-nos a todos:
~~~ ~~~ ~~~
13 de maio de 1954!...
Há precisamente sessenta e seis anos eram declarados livres
todos os escravos no território brasileiro.
E talvez comemorando o acontecimento, determinam os
instrutores desta casa vos fale algo de minha história, de
minha escura história, porqüanto, em seus últimos lances,
ela se encontra de certo modo associada à obra espiritual
de vosso Grupo.
J. P. foi o meu nome em Vassouras, a fidalga Vassouras do
Segundo Império.
Resumirei meu caso, tanto quanto possível, porque, como
é fácil perceberdes, não passo ainda de pobre viajante da
sombra, em árduo serviço na própria regeneração.
Em março de 1888 fui convidado a participar de expressiva
reunião da Câmara Vassourense por meu velho amigo Doutor
Correia e Castro. [O comunicante refere-se a pessoa de suas
relações íntimas, em 1888. — Nota do organizador].
Cogitava-se da adoção de medidas compatíveis com a
campanha abolicionista, então na culminância.
Alguns conselheiros propuseram que todos os fazendeiros
do Município instituíssem a liberdade espontânea, a favor do
elemento cativo, com a obrigação de os escravos alforriados
prosseguirem trabalhando, por mais cinco anos consecutivos,
numa tentativa de preservação da economia regional.
Discussões surgiram acaloradas.
Diversos agricultores inclinavam-se à ponderação e à
benevolência.
Entretanto, eu era daqueles que pugnavam pela escravatura
irrestrita.
Encolerizado, ergui minha voz.
Admitia que o negro havia nascido para o eito.
Nada de concessões nem transações.
O senhor era senhor com direito absoluto; o escravo era
escravo com irremediável dependência.
Aderi ao movimento contrário à proposta havida, e nós, os da
violência e da crueldade, ganhamos a causa da intolerância
porque, então, Vassouras prosseguiu esperando as surpresas
governamentais, sem qualquer alteração.
De volta ao lar, porém, vim a saber que a inspiração da
providência sugerida partira inicialmente de um homem
simples, de um homem escravizado...
Esse homem era Ricardo, servo de minha casa, a quem
presumia dedicar minha melhor afeição.
Era meu companheiro, meu confidente, meu amigo...
Inteligência invulgar, traduzia o francês com facilidade.
Comentávamos juntos as notícias da Europa e as intrigas da
Corte... Muitas vezes, era ele o escrivão predileto em meus
documentários,
orientador nos problemas graves e irmão nas horas difíceis...
Minha amizade, contudo, não passava de egoísmo implacável.
Admirava-lhe as qualidades inatas e aproveitava-lhe o concurso,
como quem se reconhece dono de um animal raro e queria-o
como se não passasse de mera propriedade minha.
Enraivecido, propus-me castigá-lo.
E, para escarmento das senzalas, na sombra da noite,
determinei a imediata prisão de quem havia sido para mim
todo um refúgio de respeito e carinho, qual se me fora filho
ou pai.
Ricardo não se irritou ante o desmando a que me entregava.
Respondeu-me às perguntas com resignação e dignidade.
Calmo, não se abateu diante de minhas exigências. Explicou-se,
imperturbável e sereno, sem trair a humildade que lhe brilhava
no espírito.
Aquela superioridade moral atiçou-me a ira.
Golpeado em meu orgulho, ordenei que a prisão no tronco
fosse transformada em suplício.
Gritei, desesperado.
Assemelhava-me a fera a cair sobre a presa.
Reuni minha gente e as pancadas — triste é recordá-las! —
dilaceraram-lhe o dorso nu, sob meus olhos impassíveis.
O sangue do companheiro jorrou, abundante.
A vítima, contudo, longe de exasperar-se, entrara em
lacrimoso silêncio.
E, humilhado por minha vez, à face daquela resistência
tranqüila, induzi o capataz a massacrar-lhe as mãos e os pés.
A recomendação foi cumprida.
Logo após, porque o sangue borbotasse sem peias, meu
carrasco desatou-lhe os grilhões...
Ricardo, na agonia, estava livre...
Mas aquele homem, que parecia guardar no peito um coração
diferente, ainda teve forças para arrastar-se, nas vascas da
morte, e, endereçando-me inesquecível olhar, inclinou-se à
maneira de um cão agonizante e beijou-me os pes...
Não acredito estejais em condições de compreender o martírio
de um Espírito que abandona a Terra, na posição em que a
deixei...
Um pelourinho de brasas que me retivesse por mil anos
sucessivos talvez me fizesse sofrer menos, pois desde aquele
instante a existência se me tornou insuportável e odiosa.
A Lei Áurea não me ocupou o pensamento.
E quando a morte me requisitou à verdade, não encontrei no
imo do meu ser senão austero tribunal, como que instalado
dentro de mim mesmo, funcionando em ativo julgamento que
me parecia nunca terminar...
Lutei infinitamente.
Um homem perdido por séculos, em noite tenebrosa, creio eu
padece menos que a alma culpada, assinalando a voz gritante
da própria consciência.
Perdi a noção do tempo, porque o tempo para quem sofre sem
esperança se transforma numa eternidade de aflição.
Sei apenas que, em dado instante, na treva em que me debatia,
a voz de Ricardo se fez ouvir aos meus pés:
— Meu filho!... meu filho!...
Num prodígio de memória, em vago relâmpago que luziu na
escuridão de minhalma, recordei cenas que haviam ficado a
distância [Ao contacto do benfeitor espiritual, a entidade
sofredora entrou a lembrar-se de existência anterior, em que
a vítima lhe fora pai na experiência terrestre. — Nota do
organizador], quadros que a carne da Terra havia conseguido
transitoriamente apagar...
Com emoção indizível, vi-me de novo nos braços de Ricardo,
nele identificando meu próprio pai... meu próprio pai que eu
algemara cruelmente ao poste de martírio e a cuja flagelação
eu assistira, insensível, até ao fim...
Não posso entender os sentimentos contraditórios que então
me dominaram...
Envergonhado, em vão tentei fugir de mim mesmo.
Em desabalada carreira, desprendi-me dos braços carinhosos
que me enlaçavam e busquei a sombra, qual o morcego que
se compraz tão somente com a noite, a fim de chorar o remorso
que meu pai, meu amigo, meu escravo e minha vítima não
poderia compreender...
No entanto, como se a Justiça, naquele momento, houvesse
acabado de lavrar contra mim a merecida sentença
condenatória, após tantos anos de inquietação, reconheci,
assombrado, que meus pés e minhas mãos estavam retorcidos...
Procurei levantar-me e não consegui.
A Justiça vencera.
Achava-me reduzido à condição de um lobo mutilado e urrei
de dor... Mas, nessa dor, não encontrei senão aquelas mesmas
criaturas que eu havia maltratado, velhos cativos que me
haviam conhecido a truculência... E, por muitos deles, fui
também submetido a processos pavorosos de dilaceração. (*)
(*) [Refere-se o comunicante a sofrimentos que experimentou
nas regiões inferiores da vida espiritual, sob a vingança de
muitas das suas antigas vítimas revoltadas. — Nota do
organizador].
Passei, porém, a rejubilar-me com isso.
Guardava, no fundo, a consolação do criminoso que se sente,
de alguma sorte, reabilitado com a punição que lhe é imposta.
A expiação era serviço que eu devia à minha própria alma.
Se algum dia pudesse rever Ricardo — refletia —, que eu
comparecesse diante dele como alguém que lhe havia
experimentado as provações.
Lutei muito, repito-vos!...
Sofri terrivelmente, até que, certa noite, fui conduzido por
invisíveis mãos ao lar de um companheiro em cuja simpatia
recolhi algum descanso...
Aí, de semana a semana, comecei a ouvir palavras diferentes,
ensinamentos diversos, explanações renovadoras. (**)
(**) [Refere-se o comunicante ao culto doméstico do Evangelho,
existente no lar do nosso companheiro de quem se havia
aproximado. — Nota do organizador].
Modificaram-se-me os pensamentos.
Doce bálsamo alcançou-me o espírito dolorido. E, desse
santuário de transformação, vim, certa feita, ao vosso Grupo.
(***) [A entidade reporta-se à primeira visita que fez ao nosso
Grupo, quando foi atendida por nossa casa, através da
incorporação mediúnica, em 1952. — Nota do organizador].
Há quase dois anos, tive o conforto de desabafar-me convosco,
de falar-vos de meus padecimentos e de receber-vos o óbolo de
fraternidade e oração.
Mas porque desejasse associar-me mais intimamente ao lar em
que me reformava, atirei-me apaixonadamente aos braços dos
amigos que me acolhiam, intentando consolidar mais
amplamente a nossa afeição.
Queria renascer, projetando-me em vosso ambiente... Para isso,
busquei-vos como o sedento anseia pela fonte... E tudo fiz para
exteriorizar-me; entretanto, eu não possuía forças para
mentalizar as mãos e os pés!
Se eu retomasse a carne, seria um monstro e se concretizasse
meu sonho louco teria cometido tremendo abuso...
Além disso, estaria na posição de um aleijado, simplesmente
regressando do inferno que havia gerado para si mesmo.
Nesse ínterim, contudo, os instrutores de vossa casa me
socorreram...
Auxiliaram-me, sem alarde, noite a noite, e, graças ao Senhor,
meu propósito foi frustrado.
Mas, se é verdade que não pude retratar-me de novo, no campo
da densa matéria, para tentar o caminho de reencontro com
Ricardo, recebi convosco, ao contacto da prece, o reajuste de
minhas mãos e de meus pés.
Orando em vossa companhia e mentalizando a minha
renovação em Cristo, minha vida ressurge transformada.
Agora, esperarei o dia de minha volta ao campo normal da
experiência humana, a fim de, em me banhando na corrente
da vida física, apagar o passado e limpar minhas culpas,
através do trabalho, com a minha justa escravização ao dever,
para, então, mais tarde, cogitar da suspirada ascensão.
Mas, porque recompus minha forma, aqui estou convosco e
vos digo: — Aleluia!...
— Viva a liberdade!
Louvo a liberdade que me permite agora pensar em receber
o bem-aventurado cativeiro da prova, favorecendo-me por
fim o galardão da cura!
Amigos, eis que nos achamos em 13 de maio de 1954!
Para minhalma, depois de 66 anos, raia um novo dia...
Para mim, a luz não tarda!... a luz de renascer! E assim me
expresso, porque somente na esfera de luta em que vos
encontrais como privilegiados tarefeiros, por bondade de
Nosso Senhor Jesus-Cristo, é que poderei encontrar o sol da
redenção.
Agradeço-vos a todos, recomendando-me feliz às preces de
todos os companheiros, preces que constituem vibrações de
amor que ainda me empenho em recolher, como sementes de
renovação para o dia de amanhã que espero, em Jesus, seja
enfim abençoado...
Que o Senhor nos ampare.
J. P.
*** *** ***
De qualquer modo, é uma leitura que vale a pena!
Meditem no ensinamento e tenham um Feliz Ano Novo!
Abraço do tesco.
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