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quinta-feira, 30 de julho de 2015

CONTRACANTO: A FAVOR DO VENTO

Em abril deste ano, Shirley sofreu um assalto! 
Naturalmente - sabe como é poeta - apesar de toda a violência, 
foi um assalto poético e o 'criminoso' foi o vento! 

Seu poema semanal descreve as diabruras praticadas pelo 
'marginal' e, ao término, sua irritação crescente. Na verdade, 
Shirley enfureceu-se a ponto de deixar afluir à pele sua ira e 
planejar um assassinato! 

Parece mesmo decidida a uma ação de extermínio e... 
Mas não quero influenciar seu voto, desvirtuando os fatos com 
minha interpretação. 
Veja a descrição do episódio por ela mesma: 

ATITUDE PERIGOSA
Shirley
(2015.04.04)

"O vento passa 
roubando o verde do jardim 
o amarelo do sol 
o vermelho do meu batom. 
O vento volta 
com pompa de arauto 
diz coisas sem sentido 
estremece meus alicerces. 
Ele vem 
espia pela incauta janela 
brinca com a minha saia 
pisoteia minha tolerância 
e depois 
levando as cores da manhã 
vai embora rindo 
feito rio caudaloso 
em direção ao futuro... 
Os minutos 
e o omisso relógio viram tudo 
nada fizeram para proteger-me. 
Fico brava em silêncio 
sem sonho sem nada 
e não importa minha sina 
posso tornar-me assassina... 
É isso mesmo 
hoje vou matar o tempo!" 

   *   *   *   

Está aí o depoimento da vítima, assinado por ela, e contendo 
a confissão de premeditação de um crime. 

Se você está antenado, e apoia as recentes manifestações de 
'justiça pelas próprias mãos' praticadas por alguns setores da 
população, incentivará a Shirley  e dirá: 
- É isso mesmo, Shirley, amarre esse bandido num poste e o 
surre até deixá-lo morto! 

Eu sou veementemente contrário a isso! 
E explico: 

Primeiramente, num estado de direito, normal e regular, como 
o que estamos vivendo aqui e agora, justiça pelas próprias mãos 
não é lícita, nem legal nem moralmente; 
segundamente, a pena proposta não é proporcional ao crime; 
e terceiramente, a vítima visada não é o 'criminoso'. 

Excetuada a primeira circunstância, de não haver base legal 
ou moral para a pena proposta, meu comentário ressaltou os 
dois argumetos seguintes e, propôs a absolvição do réu. 
Confira abaixo: 

PERDOANDO
tesco
(2015.04.04)

"Sofreste um vento ladrão 
Que - marginal desalmado - 
Tão solto na amplidão 
Veio fazer o narrado 

E zombando do assaltado 
Puxa a perna e ouve o baque 
E o relógio, coitado! 
Só sabe fazer 'tic-tac' 

Certo é fazer justiça 
Condenando o 'condenado' 
Mas não se tornar 'puliça' 
Matando o 'cliente' errado 

De tudo que o vento fez 
Se o paraíso é mostrado 
- Levante a saia de vez -
E de pronto é perdoado!

   ***   ***   ***   

Considero pois, se a arruaça promovida pelo vento culmina 
com o levantamento dessa "cortina pudicícia", encaminhando 
a maioria dos homens a uma 'espiada revigorante', o réu, na 
verdade, merece mais uma condecoração, em vez de uma 
punição. 

Venta, vento! 

Abraço do tesco. 

SORTESCO D 07



DVD O GORDO E O MAGRO
ERA UMA VEZ DOIS VALENTES
Considerado um dos melhores longa-metragens da dupla, 
"March of the wooden soldiers" (lançado originalmente como 
"Babes in Toyland"), de 1934, é a primeira aaptação para as 
telas da opereta composta por Glen MacDonough e Victor 
Herbert em 1903. Esta comédia musical em ritmo de conto de 
fadas conta a história do malvado Silas Barnaby, que ameaça 
despejar a viúva Peep caso a sua filha Little Bo-Peep não 
aceite casar-se com ele. A moça é apaixonada por Tom-Tom 
Piper e pede ajuda a Stannie Dum (Stan Laurel) e Ollie Dee 
(Oliver Hardy) para derrotar o vilão. A dupla tenta pegar dinheiro 
emprestado para pagar a hipoteca da viúva Peep, mas acaba 
optando por um plano mais ousado: Fazer Barnaby casar-se 
com Stannie! O enfurecido vilão então ameaça destruir a 
Terra dos Brinquedos. Em preto e branco, áudio em inglês, 
com legendas em português, duração aproximada 60 minutos. 

INSCREVA-SE ASSIM: 
Escolha apenas UMA dezena, AINDA DISPONÍVEL, 
entre 00 e 99, e indique sua escolha nos comentários. 
Sua opção será válida ATÉ às 17 horas do dia do sorteio. 
O sorteio (item 2 do Regulamento) será em 05/08/2015. 

quarta-feira, 29 de julho de 2015

SORTESCO D 06 - RESULTADO

A dezena sorteada hoje foi 88,
e a opção vencedora é de:
HISCLA!
Parabéns!

domingo, 26 de julho de 2015

O POTE RACHADO

Aproveitando o ensejo de estar aí embaixo , em sorteio, o 
"Conversa fraterna", transcrevemos as palavras finais do 
Divaldo Franco no encerramento do livro. 

Divaldo vale-se de um conto indiano, já bastante divulgado, 
para tirar valiosas conclusões quanto à atitude da maioria de 
nós , que procura alcançar determinados níveis, antes de 
começar a praticar a caridade. 

O POTE RACHADO

"Um homem contratou um servo para diariamente completar 

os seus depósitos com água. 
O servo comprou dois potes, como é comum na Índia, 
amarrou-lhes cordas à boca e prendeu em uma haste 
resistente para carregar, sobre os ombros, os dois potes 
de água. 
Diariamente, ele ia à fonte, enchia os potes, trazia-os, 
completando os depósitos e era feliz com seu amo e com 
seu trabalho. 
Um dia, um pote rachou e, a partir daí, sempre a água que 
o pote rachado levava derramava pelo caminho, perdendo 
a metade pela rachadura. 
Perdendo-se água, o carregador dava mais uma viagem, 
retornando à fonte outra vez. 

Um dia, o pote rachado disse: 

(naquele tempo, os potes falavam) 
- Meu rapaz, eu quero lhe pedir um favor: jogue-me fora, 
substitua-me. Eu sou motivo de cansaço para você. 
Pela minha rachadura perde-se muita água, 
e você tem que dar outra viagem! 
O carregador lhe respondeu: 
- Mas eu não estou me queixando. 
- Sim, mas eu estou. Você é tão gentil comigo, preservando-me. 
Quebre-me, eu já estou na hora de ser abandonado, 
estou imprestável. 
O homem que o carregava propôs: 
- Olhe aqui, venha ver, por favor. 
Carregou-o com cuidado, subiu o aclive e explicou-lhe: 
- Veja a distância daqui até a casa do amo. Note este lado 
como está verde, como está cheio de flores e note o outro, 
como está árido. 
O pote olhou e confirmou: 
- De fato, que se passa? 
Ele esclareceu: 
- Pois é, quando eu percebi que você ia derramar água, 
comecei a pensar que, você poderia ser-me útil. 
Então, eu semeei flores, atirei sementes, pólen e, 
diariamente, você se encarregava de molhá-los, 
poupando-me esse trabalho. As sementes germinaram, 
e aí está, deste lado eu tenho um jardim e sem nenhum
 trabalho; você o molha para mim todo dia. 
- Mas que maravilha! Mas eu sou um transtorno na sua 
vida, porque o seu amo percebe o seu cansaço que resulta 
das duas viagens. 
Ele concluiu: 
- Mas meu amo gosta de mim, porque diariamente, quando 
eu lhe preparo o café, venho a este lado do jardim, tiro 
algumas flores que você umedece e coloco-as no jarro, 
embelezando a mesa onde meu amo alimenta-se. 
E ele, diante da mesa florida, fica muito feliz. 
Daí você me é de uma utilidade incomparável. 
O pote rachado calou-se e o servo continuou conduzindo-o." 

  *   *   *   


Conclui Divaldo: 


"Um grande número de nós é constituído por potes rachados. 
Enquanto não se encontram potes mais perfeitos, 
Deus nos utiliza de acordo com as nossas próprias 
deficiências para a prática do bem. 

Temos como exemplo o Mestre Jesus que, escolheu 

12 homens para a propagação da Boa Nova, não 12 anjos. 
Por isso, não podemos deixar de fazer o bem porque temos 
imperfeições, porque temos dificuldades, porque temos limites. 

Não podemos esperar a perfeição para sermos úteis, 

temos sim que, sermos úteis para alcançarmos a perfeição. 
Deus não nos daria a oportunidade da reencarnação se não 
acreditasse em nós, quem não acredita em nós somos nós 
mesmo, quando dizemos: “quebre-me”, “substitua-me”, 
“estou imprestável”. 

Porque muitos espíritas dizem: “Eu ainda não sou espírita, 

mas gostaria de ser, eu ainda não sou perfeito.” Mas, se 
Kardec disse que: “Reconhece-se o espírita pelo esforço 
que ele faz para melhorar-se”, significa que, se temos algo 
a melhorar, é porque não somos perfeito, portanto nosso 
discurso deveria ser assim: “Eu sou espírita imperfeito, 
um vasilhame rachado, mas estou tentando tornar-me melhor." 

E, se esperarmos a perfeição para dizermos ser espíritas, 

não seremos nunca. Pois, quando alcançarmos a perfeição, 
não seguiremos mais uma religião, ou melhor, um rótulo 
religioso, porque nossa religião será a prática do AMOR. 
Então, se estamos aqui colhendo flores neste jardim 
maravilhoso que é o Espiritismo, é porque outros potes 
rachados regaram este jardim para nós. 

Por isso, sejamos os trabalhadores da última hora, que 

trabalham por amor, com dedicação, sem querer saber o que 
ou o quanto receberá; sem preocupar-se se fez pouco 
ou muito, porque o importante é fazer bem, com qualidade. 
Não sejamos figueiras estéreis, revestidos só de palavras 
bonitas, sejamos uma árvore que dá frutos, ou seja, que 
trabalhe, (porque a fé sem obras é morta), e que estes frutos 
atraiam outros para saboreá-lo, para tomar gosto e quem sabe, 
dar continuidade ao nosso trabalho. 

E é nesta luta, que devemos fazer o melhor hoje, para que 

talvez, na próxima encarnação, venhamos um pote com uma 
rachadura menor, ou seja, com menos defeitos, e quem sabe, 
com mais utilidade. 

Portanto, continuemos levando a nossa água, talvez não 

cumpramos exatamente com nosso dever, diante da meta 
que traçamos em nossa vida. 

Mas, pelo menos, que em nosso caminho, haja flores para 

aqueles que vierem depois colhendo e bendizendo o pote 
rachado que por ali passou." 

   ***   ***   ***   


Podemos ser úteis e prestatativos mesmo não estando 
inteiramente preparados ou convivermos com algumas 
deficiências. 
A maioria de nós usa as deficiências como desculpa para 
adiar as tarefas, mesmo que sejam urgentes. 
Mas o chamado é claro e indiscutível: 
"Amemo-nos uns aos outros". 
E amor sem caridade é somente contemplação inútil! 

Abraço do tesco. 

SORTESCO 355



CONVERSA FRATERNA
DIVALDO FRANCO
Não é psicografia e sim a transcrição de diálogo ocorrido em 
novembro de 1999, com os membros do CFN. O que seria tão 
somente um debate sobre administração de centros espíritas, 
transforma-se em conversa esclarecedora, enriquecida com a 
vivência do Divaldo nas lides de assistência e sua experiência 
em palestras divulgando a doutrina do Cristo. Em 110 páginas. 

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SORTESCO 354 - RESULTADO

Sem concorrentes,
a opção vencedora é de:
CHICO!
Parabéns!

quinta-feira, 23 de julho de 2015

CONTRACANTO: TODO DIA

Aqui, ao contrário de outros poemas em que o momento vivido 
pelo autor não fazia parte da temática, o tempo-espaço onde 
me encontrava guarda relação com o que é exposto. 

Recém contratado pela Petrobrás, estava em Salvador há um 
mês e meio, longe do meu habitat e sem caras conhecidas 
para contar coisas do dia a dia. Já havia passado igual período 
fora de casa antes, mas sempre contara com companhia de 
colegas. 

Também fizera um ano de casado, e já havia me acostumado 
com a convivência da esposa, que agora somente "via" em 
contatos telefônicos: Ainda não existiam internet, nem 'skypes', 
nem 'WhatsApps', nem smartphones... Essas facilidades que 
nos assessoram hoje. 

A saudade batia - e não levava nem um tapa - aí, na solidão 
dum quarto de hotel, brotou esse lamento, chorando uma 
amada fictícia, que partira - real ou metaforicamente - da vida 
do poeta. Tão 'macambúzio' ele estava que não atentou para 
métricas, rimas ou formas poéticas. Apenas expressava um 
sentimento de perda. Sintam a nostalgia do jovem:  

TODO DIA  
tesco 
(1980.03.07)

"Se ela voltasse eu lhe diria tudo  
Que queria lhe dizer mas nunca disse  
Todas as bobagens, todas as tolices, 
Essas vontades de todo dia e sempre.  

Se ela voltasse decerto saberia  
Dos meus desejos de toda a eternidade,  
Essas saudades, esses mal-estares,  
A dor que consome e não acaba mais.  

Se ela falasse, se ela dissesse,  
Se ela quizesse, se ela voltasse..." 

   *   *   *   

Taí, o que a tristeza não faz? 
Os outros sentimentos também produzem,
mas nada que se 
compare a uma saudade... 

Abraço do tesco. 

SORTESCO D 06


DVD O TESOURO DE TARZAN

"Uma expedição científica na África descobre que o terreno 
habitado por Tarzan, Jane e seu filho pode esconder uma 
valiosa jazida de ouro. Os malfeitores, dispostos a tudo para 
se apoderar da fortuna, raptam a familia do Homem-macaco 
para forçá-lo a revelar a localização exata do ouro. Tarzan, 
- que não desiste facilmente de Jane e do menino - vira bicho 
e convoca os animais  da floresta para ajudá-lo a resgatar 
seus entes queridos". 
Filme de 1941, em preto e branco, com Johnny Weissmuller,
mais famoso tarzan do cinema, Maureen O'Sullivan e John 
Sheffield (e Chita), com áudio em inglês e legendas. Ideal 
para relembrar a infância (epa, me denunciei), quer dizer, 
para os maiores de 50 anos - no início dos anos 60 ainda
se 
exibia Weissmuller nos cinemas. 

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Sua opção será válida ATÉ às 17 horas do dia do sorteio. 
O sorteio (item 2 do Regulamento) será em 29/07/2015. 

SORTESCO D 05 - RESULTADO

A dezena sorteada hoje foi 84,
e a opção vencedora é de:
HISCLA!
Parabéns!

domingo, 19 de julho de 2015

A PIOR AUDIÊNCIA

O texto que será apresentado não é novidade, está na internet 
desde 2012, no entanto, só agora tomei conhecimento dele. 
E, coincidentemente, guarda pavorosa relação com o livro 
à sorteio aí embaixo, que é uma obra de Kafka. 

A audiência descrita pelo Desembargador Paulo Rangel pode 
ser facilmente confundida com uma visão kafkiana, entretanto, 
faz parte da realidade brasileira. Resta saber até quando esta 
semelhança vai perdurar. 

O que nos deixa esperançoso é constatar que, mesmo não sendo 
muita coisa em proporção - talvez 1% - há gente de bom senso 
no Judiciário brasileiro! 

A PIOR AUDIÊNCIA DA MINHA VIDA 
Desembargador Paulo Rangel 

"A minha carreira de Promotor de Justiça foi pautada sempre 
pelo princípio da importância (inventei agora esse princípio), 
isto é, priorizava aquilo que realmente era significante diante da 
quantidade de fatos graves que ocorriam na Comarca em que 
trabalhava. Até porque eu era o único promotor da cidade e só 
havia um único juiz. Se nós fôssemos nos preocupar com furto 
de galinha do vizinho; briga no botequim de bêbado sem lesão 
grave e noivo que largou a noiva na porta da igreja nós não 
iríamos dar conta de tudo de mais importante que havia para 
fazer e como havia (crimes violentos, graves, como estupros, 
homicídios, roubos, etc). 

Era simples. Não há outro meio de você conseguir fazer justiça 
se você não priorizar aquilo que, efetivamente, interessa à 
sociedade. Talvez esteja aí um dos males do Judiciário quando 
se trata de "emperramento da máquina judiciária". Pois bem. 
O Procurador Geral de Justiça (Chefe do Ministério Público) da 
época me ligou e pediu para eu colaborar com uma colega da 
comarca vizinha que estava enrolada com os processos e 
audiências dela. Lá fui eu prestar solidariedade à colega. 

Cheguei, me identifiquei a ela (não a conhecia) e combinamos 
que eu ficaria com os processos criminais e ela faria as 
audiências e os processos cíveis. Foi quando ela pediu para, 
naquele dia, eu fazer as audiências, aproveitando que já estava 
ali. Tudo bem. Fui à sala de audiências e me sentei no lugar 
reservado aos membros do Ministério Público: ao lado direito 
do juiz. 

E eis que veio a primeira audiência do dia: um crime de ato 
obsceno cuja lei diz: 

Ato obsceno
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou 
exposto ao público: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 

O detalhe era: qual foi o ato obsceno que o cidadão praticou 
para estar ali, sentado no banco dos réus? Para que o Estado 
movimentasse toda a sua estrutura burocrática para fazer valer 
a lei? Para que todo aquele dinheiro gasto com ar condicionado, 
luz, papel, salário do juiz, do promotor, do defensor, dos policiais 
que estão de plantão, dos oficiais de justiça e demais 
funcionários justificasse aquela audiência? Ele, literalmente, 
cometeu uma ventosidade intestinal em local público, ou em 
palavras mais populares, soltou um pum, dentro de uma agência 
bancária e o guarda de segurança que estava lá para tomar conta 
do patrimônio da empresa, incomodado, deu voz de prisão em 
flagrante ao cliente peidão porque entendeu que ele fez aquilo 
como forma de deboche da figura do segurança, de sua 
autoridade, ou seja, lá estava eu, assoberbado de trabalho na 
minha comarca, trabalhando com o princípio inventado agora da 
importância, tendo que fazer audiência por causa de um peidão 
e de um guarda q ue não tinha o que fazer. E mais grave ainda: 
de uma promotora e um juiz que acharam que isso fosse algo 
relevante que pudesse autorizar o Poder Judiciário a gastar 
rios de dinheiro com um processo para que aquele peidão, 
quando muito mal educado, pudesse ser punido nas "penas 
da lei". 

Ponderei com o juiz que aquilo não seria um problema do 
Direito Penal, mas sim, quando muito, de saúde, de educação, 
de urbanidade, enfim? Ponderei, ponderei, mas bom senso não 
se compra na esquina, nem na padaria, não é mesmo? Não se 
aprende na faculdade. Ou você tem, ou não tem. E nem o juiz, 
nem a promotora tinham ao permitir que um pum se 
transformasse num litígio a ser resolvido pelo Poder Judiciário. 

Imagina se todo pum do mundo se transformasse num 
processo? O cheiro dos fóruns seria insuportável. 

O problema é que a audiência foi feita e eu tive que ficar ali 
ouvindo tudo aquilo que, óbvio, passou a ser engraçado. Já 
que ali estava, eu iria me divertir. Aprendi a me divertir com as 
coisas que não tem mais jeito. Aquela era uma delas. Afinal o 
que não tem remédio, remediado está. 

O réu era um homem simples, humilde, mas do tipo forte, do 
campo, mas com idade avançada, aproximadamente, uns 70 
anos. 
Eis a audiência: 

Juiz - Consta aqui da denúncia oferecida pelo Ministério 
Público que o senhor no dia x, do mês e ano tal, a tantas horas, 
no bairro h, dentro da agência bancária Y, o senhor, com 
vontade livre e consciente de ultrajar o pudor público, praticou 
ventosidade intestinal, depois de olhar para o guarda de forma 
debochada, causando odor insuportável a todas as pessoas 
daquela agência bancária, fato, que, por si só, impediu que 
pessoas pudessem ficar na fila, passando o senhor a ser o 
primeiro da fila. 
Esses fatos são verdadeiros? 

Réu - Não entendi essa parte da ventosidade?. o que mesmo? 

Juiz - Ventosidade intestinal. 

Réu - Ah sim, ventosidade intestinal. Então, essa parte é que eu 
queria que o senhor me explicasse direitinho. 

Juiz - Quem tem que me explicar aqui é o senhor que é réu. 
Não eu. Eu cobro explicações. E então.. São verdadeiros ou 
não os fatos? 

O juiz se sentiu ameaçado em sua autoridade. Como se o réu 
estivesse desafiando o juiz e mandando ele se explicar. Não 
percebeu que, em verdade, o réu não estava entendendo nada 
do que ele estava dizendo. 

Réu - O guarda estava lá, eu estava na agência, me lembro que 
ninguém mais ficou na fila, mas eu não roubei ventosidade de 
ninguém não senhor. Eu sou um homem honesto e trabalhador, 
doutor juiz "meretrício". 

Na altura da audiência eu já estava rindo por dentro porque era 
claro e óbvio que o homem por ser um homem simples ele não 
sabia o que era ventosidade intestinal e o juiz por pertencer a 
outra camada da sociedade não entendia algo óbvio: para o 
povo o que ele chamava de ventosidade intestinal aquele 
homem simples do povo chama de PEIDO. E mais: o juiz se 
ofendeu de ser chamado de meretrício. E continuou a 
audiência. 

Juiz - Em primeiro lugar, eu não sou meretrício, mas sim 
meritíssimo. Em segundo, ninguém está dizendo que o senhor 
roubou no banco, mas que soltou uma ventosidade intestinal. 
O senhor está me entendendo? 

Réu - Ahh, agora sim. Entendi sim. Pensei que o senhor 
estivesse me chamando de ladrão. Nunca roubei nada de 
ninguém. Sou trabalhador. 

E puxou do bolso uma carteira de trabalho velha e amassada 
para fazer prova de trabalho. 

Juiz - E então, são verdadeiros ou não esses fatos. 

Réu - Quais fatos? 

O juiz nervoso como que perdendo a paciência e alterando a 
voz repetiu. 

Juiz - Esses que eu acabei de narrar para o senhor. O senhor 
não está me ouvindo? 

Réu - To ouvindo sim, mas o senhor pode repetir, por favor. 
Eu não prestei bem atenção. 

O juiz, visivelmente irritado, repetiu a leitura da denúncia e 
insistiu na tal da ventosidade intestinal, mas o réu não 
alcançava o que ele queria dizer. Resolvi ajudar, embora não 
devesse, pois não fui eu quem ofereci aquela denúncia 
estapafúrdia e descabida. Típica de quem não tinha o que fazer. 

EU - Excelência, pela ordem. Permite uma observação? 

O juiz educado, do tipo que soltou pipa no ventilador de casa 
e jogou bola de gude no tapete persa do seu apartamento, 
permitiu, prontamente, minha manifestação. 

Juiz - Pois não, doutor promotor. Pode falar. À vontade. 

Eu - É só para dizer para o réu que ventosidade intestinal é um 
peido. Ele não esta entendendo o significado da palavra técnica 
daquilo que todos nós fazemos: soltar um pum. É disso que a 
promotora que fez essa denúncia está acusando o senhor. 

O juiz ficou constrangido com minhas palavras diretas e 
objetivas, mas deu aquele riso de canto de boca e reiterou 
o que eu disse e perguntou, de novo, ao réu se tudo aquilo 
era verdade e eis que veio a confissão. 

Réu - Ahhh, agora sim que eu entendi o que o senhor 
"meretrício" quer dizer. 

O juiz o interrompeu e corrigiu na hora. 
Juiz - Meretrício não, meritíssimo. 

Pensei comigo: o cara não sabe o que é um peido vai saber 
o que é um adjetivo (meritíssimo)? Não dá. É muita falta de 
sensibilidade, mas vamos fazer a audiência. Vamos ver onde 
isso vai parar. E continuou o juiz. 

Juiz - Muito bem. Agora que o doutor Promotor já explicou para 
o senhor de que o senhor é acusado o que o senhor tem para 
me dizer sobre esses fatos? São verdadeiros ou não? 

Juiz adora esse negócio de verdade real. Ele quer porque quer 
saber da verdade, sei lá do que. 

Réu - Ué, só porque eu soltei um pum o senhor quer me 
condenar? Vai dizer que o meretrício nunca peidou? Que o 
Promotor nunca soltou um pum? Que a dona moça aí do seu 
lado nunca peidou? (ele se referia a secretária do juiz que 
naquela altura já estava peidando de tanto rir como todos 
os presentes à audiência). 

O juiz, constrangido, pediu a ele que o respeitasse e as 
pessoas que ali estavam, mas ele insistiu em confessar seu 
crime. 

Réu - Quando eu tentei entrar no banco o segurança pediu para 
eu abrir minha bolsa quando a porta giratória travou, eu abri. 
A porta continuou travada e ele pediu para eu levantar a minha 
blusa, eu levantei. A porta continuou travada. Ele pediu para eu 
tirar os sapatos eu tirei, mas a porta continuou travada. Aí ele 
pediu para eu tirar o cinto da calça, eu tirei, mas a porta não 
abriu. Por último, ele pediu para eu tirar todos os metais que 
tinha no bolso e a porta continuou não abrindo. O gerente veio 
e disse que ele podia abrir a porta, mas que ele me revistasse. 
Eu não sou bandido. Protestei e eles disseram que eu só 
entraria na agência se fosse revistado e aí eu fingi que deixaria 
só para poder entrar. Quando ele veio botar a mão em cima de 
mim me revistando, passando a mão pelo meu corpo, eu fiquei 
nervoso e, sem querer, soltei um pum na cara dele e ele ficou 
possesso de raiva e me prendeu. Por isso que estou aqui, mas 
não fiz de propósito e sim de nervoso. Passei mal com todo 
aquele constrangimento das pessoas ficarem me olhando 
como seu eu fosse um bandido e eu não sou. Sou um 
trabalhador. Peidão sim, mas trabalhador e honesto. 

O réu prestou o depoimento constrangido e emocionado e o 
juiz encerrou o interrogatório. Olhei para o defensor público e 
percebi que o réu foi muito bem orientado. Tipo: "assume o que 
fez e joga o peido no ventilador. Conta toda a verdade". O juiz 
quis passar a oitiva das testemunhas de acusação e eu alertei 
que estava satisfeito com a prova produzida até então. 
Em outras palavras: eu não iria ficar ali sentado ouvindo 
testemunhas falando sobre um cara peidão e um segurança 
maluco que não tinha o que fazer junto com um gerente 
despreparado que gosta de constranger os clientes e um juiz 
que gosta de ouvir sobre o peido alheio. Eu tinha mais o que 
fazer. Aliás, eu estava até com vontade de soltar um pum, mas 
precisava ir ao banheiro porque meu pum as vezes pesa e aí já 
viu, né? 

No fundo eu já estava me solidarizando com o pum do réu, 
tamanho foi o abuso do segurança e do gerente e pior: por 
colocarem no banco dos réus um homem simples porque 
praticou uma ventosidade intestinal. 

É o cúmulo da falta do que fazer e da burocracia forense, além 
da distorção do Direito Penal sendo usado como instrumento 
de coação moral. Nunca imaginei fazer uma audiência por 
causa de uma, como disse a denúncia, ventosidade intestinal. 
Até pum neste País está sendo tratado como crime com tanto 
bandido, corrupto, ladrão andando pelas ruas o judiciário parou 
para julgar um pum. 

Resultado: pedi a absolvição do réu alegando que o fato não 
era crime, sob pena de termos que ser todos, processados, 
criminalmente, neste País, inclusive, o juiz que recebeu a 
denúncia e a promotora que a fez. O juiz, constrangido, 
absolveu o réu, mas ainda quis fazer discurso chamando a 
atenção dele, dizendo que não fazia aquilo em público, ou seja, 
ele é o único ser humano que está nas ruas e quando quer 
peidar vai em casa rápido, peida e volta para audiência, por 
exemplo. 

É um cara politicamente correto. É o tipo do peidão covarde, ou 
seja, o que tem medo de peidar. Só peida no banheiro e se não 
tem banheiro ele se contorce, engole o peido, cruza as 
perninhas e continua a fazer o que estava fazendo como se 
nada tivesse acontecido. Afinal, juiz é juiz. 

Moral da história: perdemos 3 horas do dia com um processo 
por causa de um peido. Se contar isso na Inglaterra, com 
certeza, a Rainha jamais irá acreditar porque ela também, 
mesmo sendo Rainha? Você sabe." 

Rio de Janeiro, 10 de maio de 2012. 
Paulo Rangel, Desembargador do Tribunal de Justica 
do Rio de Janeiro. 

Abraço do tesco. 

SORTESCO 354


O CASTELO
FRANZ KAFKA
Indicado por muitos como a obra máxima de Kafka, descreve 
a imersão de um indivíduo numa teia de burocracia, mostrando 
a impotência do indivíduo frente a uma corporação tornada 
deliberadamente complexa. 
A interpretação mais comum é a crítica à excessiva hierarquia 
da sociedade, ao abuso de poder, e aos problemas decorrentes 
da burocratização, que leva à multiplicação de departamentos, 
seções e cargos desnecessários. 
Em formato 12x17 cm, capa dura, 446 páginas. 

INSCREVA -SE ASSIM: 
Escolha apenas UMA dezena, AINDA DISPONÍVEL, 
entre 00 e 99, e indique sua escolha nos comentários. 
Sua opção será válida ATÉ às 17 horas do dia do sorteio. 
O sorteio (item 2 do Regulamento) será em 25/07/2015.

sábado, 18 de julho de 2015

SORTESCO 353 - RESULTADO

A dezena sorteada hoje foi 20,
e a opção vencedora é de:
ERIKA!
Parabéns!

quinta-feira, 16 de julho de 2015

CONTRACANTO: PROCURA RECOMPENSADA

Julho do ano passado e Shirley estava procurando, não, quero 
dizer é que ela postou um poema que se intitula "Procura". 
E o que procurava ela nesse poema? 
Ora essa! Procurava o que todo romântico procura: 
Um amor, constante e fiel, que tenha sempre carinho para 
oferecer e uma palavra amiga nos momentos de infortúnio. 

Como é o mundo sem esse amor, descrito pela Shirley? 
Um mundo sem luz, sem cor, sem sabor, pródigo em dores, 
isento de flores, e desprovido de conforto emocional, aquele 
que, devido à solidariedade, aquece no frio e refresca no calor. 

E, o pior disso tudo é que, essa 'buscadora' já contava com um 
amor desse tipo, pois indaga:  
"onde estás tu que dizias me amar?" 
É isso que torna tudo mais terrível, a pomba que estava na mão 
saiu voando, não se sabe pra onde, nem dá indício de que vai 
retornar. 
Entre nesse clima seguindo os leves versos da Shirley: 

PROCURA
Shirley
(2014.07.05)

"Preciso tanto 
de uma palavra sedativa 
amorosa e libertadora. 
Meus pensamentos 
se vestem de luz diáfana 
e te buscam 
nas praças floridas 
nos lagos mansos 
nas madrugadas silentes 
mas 
tua ausência 
me conduz para um mundo de dor 
sem cor 
inóspito 
sem lua sem sol sem mar... 
Onde o êxtase 
o futuro venturoso 
a beleza criadora onde 
estás tu que dizias me amar?..." 

   *   *   *   

Por onde andará essa 'pomba'? Que tipo de grão consome? 
Através dos 'psicográficos' versos do tesco vem a resposta. 
O herói diz que, apesar do carinho e do amor da sua amada, 
sente-se preso, sufocado, estrangulado naquela sua ânsia de 
liberdade. 

Traz no peito um vulcão prestes a entrar em erupção, uma 
torrente de emoções que quer compartilhar com o universo. 
Tanto a tempestade furiosa como o silêncio profundo de uma 
floresta o atraem sendo, portanto, incoerente em si mesmo. 
Ele próprio confessa que "Poucas vezes tenho nexo". 
vejam o recado completo abaixo: 

COMPLEXO
tesco 
(2014.07.08)

"Me buscas onde não estou 
Sou vário, sou complexo, 
Poucas vezes tenho nexo 
Nem eu sei por onde vou 
Vulcão ativo é meu retiro 
Resido na tempestade 
Vivo em plena liberdade 
Nas cascatas me atiro 
Só no silêncio das matas, 
No rochedo solitário, 
Em meio da imensidade 
Sinto-me bem de verdade 

Queres sol, queres luz, queres cor 
Queres mais, queres paz 
Isso eu não posso te dar 
Sou complexo, sou vário 
Dou-te apenas meu amor." 

   *   *   *   

Fica explicada, então, a ausência reclamada pela Shirley. 
Explicada, porém não justificada! 
A liberdade pode encontrar perfeito habitat mesmo em um 
pequeno recinto, desde que se configure um lar. Nenhuma 
contradição há nisso. 

Mas, mesmo o mais entusiasta viajante necessita de um porto 
onde possa ancorar, pelo menos por algumas etapas. 
E essa 'aportagem' se fará em tempo breve, pelo que se deduz 
dos últimos versos dessa suposta réplica. 

O 'fugitivo' diz que não poderá oferecer tudo que foi listado 
pela Shirley em seu poema, mas "dou-te apenas  meu amor". 
Ora, se isso não é uma promessa de retorno, não sei o que é! 

Abraço do tesco.