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quarta-feira, 29 de abril de 2015

CONTRACANTO: DESPERTAR DE VÊNUS

Qual  o sentido do poema? 
Não pergunto sobre o sentido da poesia, isso todo mundo sabe, 
embora muitos não concordem: Poesia, de 'poiesis', é criação, 
contrapondo-se ao mundo 'real', que na verdade, é "mimesis", 
ou seja, imitação. Portanto, é poesia que move o mundo! 

Minha pergunta é a que muitos fazem, quando leem algum 
poema: 
- Que quer dizer?, - Que significa?, - Qual a intenção? 
O cerne da questão são as palavras! 
Por paradoxal que pareça, as palavras, que constroem o 
'exoesqueleto do poema, são também as responsáveis pelo 
encobrimento daquilo que se quer dizer. 

Digo isso porque, um soneto que construí em 1990, sinto 
dificuldade em interpretar. 

- O quê?! Escreveu e não sabe ler? É pior que analfabeto! 

Zomba! Teu dia chegará! Mas, é mais ou menos isso mesmo. 
A gente escreve em parte guiado por forças estranhas a nossa 
vontade e, muitas vezes, o resultado não é exatamente tudo 
que foi planejado, alguma coisa escapa do controle. 

Leiamos então o soneto: 

DESPERTAR DE VÊNUS  
tesco
(1990.06.10)

Que subas para o céu por meio de magia,  
Ó musa encantadora, charme e sedução,  
É arte própria tua, redoma de atração. 
Eu seguirei as rotas puras da poesia.  

Ao véu da sensação alçaste enfim a mão, 
Enquanto a fina arte que em ti eu via 
- Encanto de tua parte sã - se desfazia, 
Na máquina cruel de tua sedição.  

A brisa matutina que soprava fria,  
Arrepiando as palmas do oásis meu,  
Inebriava as colchas no teu himeneu.  

Entanto a tua fulgurante estria, 
Dourava no meu vale, extasiado ateu, 
Deixando na surdina incendiário eu.  

   *   *   *   

Eu vejo aí um idealista que havia se enamorado de uma moça 
que aparentemente era uma artista, com talentos reais - não 
sei dizer em que arte - mas que se revelou uma 'arrivista', não 
importava por quais meios, o que ela queria era se 'arranjar'. 

Adepto da "arte pela arte", ele não concorda com os recursos 
de que ela se vale, principalmente, parece, a atração sexual. 
Eis que ela consegue seu espaço, mas ele vê esse brilho, não 
como um fogo-fátuo, mas como um meteorito (estrela cadente), 
que brilha enquanto queima no atrito com a atmosfera. 

Resta então um 'ateu' não mais crente na 'deusa', na verdade 
um 'deus ex-machina', que sobe aos píncaros, mas somente 
por meios artificiais. 

Creio que, 'grossu modu', era isso que eu pretendia transmitir. 
Não é, porém, verdade absoluta, artigo de fé, dogma, o que 
o leitor extrair disso e achar que é o real sentido da coisa, 
pode ser uma conclusão mais acurada. 

Os autores procuram realizar o que lhes vêm à mente, mas 
não são juízes brasileiros, isto é, infalíveis.  

Abraço do tesco. 

SORTESFCO 59

O "SENHOR" DA ENSEADA
ANTOLOGIA EDIÇÕES RÁDUGA
Antologia de contos de autores russos, 
em edição russa, o outro livrinho que eu 
tenho desse tipo, relativamente raro por 
aqui. Autores totalmente desconhecidos 
por estas bandas, vejam a lista: 
- S. Gansovski_O "senhor" da enseada; 
- M. Pukhov_As bolas negras; 
- B. Rudenko_Uma excepção; 
- A. Karguin_Jogos pueris; 
- O. Larionova_O terrário; 
- G. Gor_Menino; 
- A. Katsura_O mundo é belo; 
- E. Marinin_Género próprio; 
- L. e E. Lukin_O despertar; 
- S. Loguinov_Barbeiro; 
- B. Rocomotiva para o Czar. 
Apesar da estranheza os contos são muito bons. 
Formato bolso, com 282 páginas. 

INSCREVA-SE ASSIM: 
Escolha apenas UMA dezena, AINDA DISPONÍVEL, 
entre 00 e 99, e indique sua escolha nos comentários. 
Sua opção será válida ATÉ às 17 horas do dia do sorteio. 
O sorteio (item 2 do Regulamento) será em 06/05/2015. 

segunda-feira, 27 de abril de 2015

PSEUDO-CIÊNCIA

A Astrologia é considerada pela ciência oficial como uma das 
pseudo-ciências. 

Ora, a ciência utiliza como ferramentas a estatística e a Lei 
dos Grandes Números (que diz: Perante uma grande quantidade 
de dados, determinados fatos terão maior probabilidade de 
ocorrer). 

Também, o mais novo ramo científico, a Física Quântica, nos 
afirma: 
"As coisas sólidas não são 'coisas', mas apenas um feixe de 
probabilidades". 

Então vejamos como funciona a astrologia: Ela não produz os 
fatos, assim como um relógio não produz as horas. O relógio é 
apenas um indicador da maior probabilidade de o evento que 
aponta estar sincronizado com um ciclo maior. 

Assim faz também a Astrologia, indica a maior probabilidade 
de eventos menores - pessoais, históricos, globais - estarem 
em sincronia com um ciclo maior, no caso, o ciclo dos astros 
girando no sistema solar. 

Como sabemos, os planetas completam seus percursos, que 
são de diferentes extensões, com diferentes velocidades, em 
tempos diferentes. E, devido a suas órbitas elípticas, guardam 
entre si, diferentes distâncias, de acordo com sua posição na 
órbita. 

Dessas variadas relações entre esses corpos celestes entre si 
e com a Terra, a Astrologia deduz maiores probabilidades de 
acontecerem determinados eventos, ocorrerem determinados 
fenômenos, e as pessoas agirem com determinados padrões 
de comportamento. 

Para isso, a Astrologia se utiliza das mesmas ferramentas 
citadas anteriormente: Estatísticas e Lei dos Grandes Números. 
A tradição sobre os aspectos planetários e sua posição em 
relação à constelações (faixa zodiacal) deve ser vista como 
o arquivo estatístico disponível para suas finalidades. 

Deste modo, o epíteto de pseudo está mal aplicado, no 
máximo, se poderia chamá-la de "ciência restrita", pois lida 
com os aspectos psicológicos do ser humano, que é algo 
ainda irredutível a padrões matemáticos. 

Mas, na verdade, 'restritas' ficam melhor aplicadas às ciências 
físicas, que se atém somente à porção material de todos os 
seres, ignorando o aspecto espiritual, que é imensamente 
maior. 

Abraço do tesco. 

SORTESCO 342

OS PLANETAS EXTERIORES
E SEUS CICLOS

LIZ GREENE
A autora "discorre a respeito das
tendências 
históricas e próprias de cada
geração, que 
correspondem aos amplos
ciclos planetários. 
Discute a harmonia
possível dos indivíduos 
com os planetas
exteriores e as forças 
psicológicas
coletivas que eles representam, 

abordando temas como: 
- os aspectos entre os planetas exteriores
os pessoais, e a correspondente
capacidade 
de influenciar as forças
coletivas; 

- os trânsitos dos planetas exteriores  com os planetas dos
mapas natais individuais; 

- mapas de nascimento de personalidades particularmente
sintonizadas com as forças 
coletivas: Hitler, Marx, Freud,
Jung, Dalí, 
Kennedy." Tem 184 páginas. 

INSCREVA-SE ASSIM: 
Escolha apenas UMA dezena, AINDA DISPONÍVEL, 
entre 00 e 99, e indique sua escolha nos comentários. 
Sua opção será válida ATÉ às 17 horas do dia do sorteio. 
O sorteio (item 2 do Regulamento) será em 02/05/2015.

sábado, 25 de abril de 2015

SORTESCO 341 - RESULTADO

A dezena sorteada hoje foi 29,
e a opção vencedora é de: 
CYNTHIA!
Parabéns!

SORTESCO 340 - RESULTADO

(POST DO DIA 18, REPUBLICADO
POR TER SIDO 
APAGADO
ACIDENTALMENTE)
A dezena sorteada hoje foi 10,

e a opção vencedora é de: 
CHICO!
Parabéns!

quarta-feira, 22 de abril de 2015

SORTESFCO 58 - RESULTADO

A dezena sorteada hoje foi 88,
e a opção vencedora é de: 
CHICO!
Parabéns!

domingo, 19 de abril de 2015

CONTRACANTO: CONVERGÊNCIA

Mudando a programação, pois postei sobre o BookCrossing 
(ainda está valendo, hein? Vai até quarta, 23) na quinta-feira, 
dia reservado para a temática poética, aborrecerei vocês, 
excepcionalmente (quem ler pensará que o excepcional é o 
aborrecimento, rerrerré!), com 'mais uma de amor' (epa, isso 
é Blitz!), digo, mais uma resposta poética. 

Shirley postou, no sábado, reflexão sobre uma "sombra". 
Sabe-se lá o que representa essa sombra. Eu, como sempre, 
interpreto como o amante ideal - 'ideal' de ideia, o imaginário 
poético - neste caso porém, não tão ideal, já aqui, ideal como 
'adequado', 'conveniente', 'do jeito certo', 'talhado para a 
função'. 

E por que não é ideal? Porque a poeta o apresenta como uma 
figura indolente, preguiçosa, malemolente, dir-se-ia até, quem 
sabe, a imagem de um alcoólatra. Sabe-se que existem muitos 
casos de viciados (álcool é droga), muito amados por suas mães 
e/ou esposas, que são um grande estorvo em suas vidas, e não 
deixam de ser amados mesmo assim. 

Não vamos entrar nessas considerações, mas a autora, mais 
adiante, se queixa das limitações dele e imagina-o com outras 
características. 

Leiam o poema e tirem suas próprias conclusões. Se forem 
diferentes das minhas, não tem problema, sempre estamos em 
diferentes pontos, por que não teríamos diferentes pontos de 
vista? 

JÁ NÃO SOMOS PARALELAS
Shirley
(2015.04.18)

"Procuro-te 
com a visão interior 
e vejo-te sombra 
imagem fluida 
lânguido 
preguiça no tapete. 
Vendo-te frágil 
cubro-te com a energia 
dos átomos e moléculas 
e querendo-te perfeito 
imagino-te 
místico 
consciente 
inquiridor. 
Porém 
confesso 
não gosto de tuas limitações 
dos teus dialetos 
-- sei como abarcar todos os idiomas -- 
busco novas dimensões 
quero outra amplitude. 
Mesmo assim 
não há mal algum 
que de vez em quando 
eu te procure sombra 
no tapete de minha memória." 

   ***   ***   ***   

Aí está e, como sempre, as variadas nuances que a Shirley 
interpõe em suas composições, a estrutura diáfana com que 
encobre suas visões, a textura cósmica que ela empresta às 
palavras, tudo isso se perde quando começo a interpretar. 

Só me surgem imagens concretas, associadas com a realidade 
crua, coisa corriqueira e cotidiana. Aqui "lasciate ogni fantasia 
voi ch'entrate", diria Dante, "tesco stà interpretando. Eita hômi 
sem maginação, sô!".  (Dante botou pra quebrar, agora). 
Vejam o rebuliço: 

CONVERGENTE
tesco
(2015.04.18)

"Enquanto me procurares 
Inda nada está perdido 
Mesmo qu'eu tenha mentido 
Permaneces em meus mares 

Se tomando outros ares 
Buscas novas dimensões 
As minhas limitações 
Não impedem de gostares 

De tudo que te atrai  
De minhas falas confusas 
Minhas ações obtusas 
De minha voz que se trai 

Sei, sou sombra do que fui 
Mas não me deixes deitado 
Vivendo só no passado 
Tudo na vida evolui 

Preciso dessa energia 
Que de todo teu ser flui 
Meu corpo reconstitui 
E só me traz alegria 

Não pode ser diferente 
Afirmaste, minha bela 
Já não somos paralelas 
Tudo em nós é convergente!" 

   *   *   *   

Aqui está um indivíduo semi-arrependido. Sim, só metade, 
porque ele não faz nenhuma promessa de se emendar, nada 
afirmou que o amarre a compromissos. Talvez que daí se erga 
uma nova pessoa, com ânimo renovado, pronta a encarar os 
obstáculos da vida. 

Mas isso não está implícito em sua contestação. Ele apenas 
diz que reconhece seus problemas e que necessita da ajuda 
de sua contraparte, toda ajuda possível. 

Que se levante um novo homem, é o que desejamos, e nossa 
tarefa na Terra é mesmo essa, a de ajudar os mais debilitados 
e menos afortunados

Abraço do tesco. 

SORTESCO 341

OS GÊNIOS DA CIÊNCIA
de STEPHEN HAWKING
Hawking nos apresenta as biografias e 
a essência da obra de grandes pilares 
da ciência moderna: Copérnico, Galileu, 
Kepler, Newton e Einstein. É um livro 
excelente para enfeitar sua estante, 
porém, conservando-o nela, sem o ler, 
estará subutilizando uma notável fonte 
de conhecimento. A parte biográfica é 
uma leitura tranquila, mas, quando se 
fala no trabalho científico, a coisa muda 
de figura, não são conceitos simples
para 
se ler tomando sorvete na beira da piscina.  
Formato grande, 125 ilustrações coloridas, 
capa dura, 256 páginas. 

INSCREVA-SE ASSIM: 
Escolha apenas UMA dezena, AINDA DISPONÍVEL, 
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Sua opção será válida ATÉ às 17 horas do dia do sorteio. 
O sorteio (item 2 do Regulamento) será em 25/04/2015.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

SORTESFCO 58

ARQUIVO X: SANGUE
GLEN MORGAN E JAMES WONG
"Franklin era uma cidadezinha da 
Pensilvânia, onde a maioria das pessoas 
vivia da produção e do comércio de
frutas. 
A vida ali era muito pacata e
durante anos 
nenhum crime foi registrado
na região. 
Até que estranhos assassinatos
começaram 
a se multiplicar: mortes em
série provocadas 
por explosões repentinas
de pessoas 
consideradas inofensivas.
Bons cidadãos, 
pais de família, secretárias
eficientes, 
zelosas donas de casa - como
se um 
estranho poder invadisse seus cérebros e assumisse
o controle de suas ações." 
Em 112 páginas. 

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entre 00 e 99, e indique sua escolha nos comentários. 
Sua opção será válida ATÉ às 17 horas do dia do sorteio. 
O sorteio (item 2 do Regulamento) será em 22/04/2015. 

quarta-feira, 15 de abril de 2015

10º BOOKCROSSING BLOGUEIRO

Está lançado o convite: 
Partcipe do BookCrossing Blogueiro, já na décima edição,
de 
16 a 23 de abril. 



Não é nada complicado, basta libertar um livro do jugo da sua 
estante, 'esquecendo-o' em qualquer lugar protegido das 
intempéries, como na praça de alimentação de um shopping, 
um terminal rodoviário, uma estação de metrô... Você define 
o local mais adequado. 

É conveniente deixar um bilhetinho no livro avisando que ele 
não está perdido, foi deixado de propósito para que 'VOCÊ' o 
encotrasse e tivesse a oportunidade de lê-lo. 

O evento no Brasil é, mais uma vez, organizado pela LUMA e, 
em seu blog, LUZ DE LUMA você pode encontrar melhores 
informações. Lá ela indica a melhor forma de participar. 

É uma bela oportunidade para você que não se encantou com 
aquele livro ganho no sortesco, e que parecia tão interessante. 
"Fui na conversa do tesco, e agora estou aqui, com essa... 
obra nas mãos!". 
Não se desespere, aproveite o BookCrossing! Sempre é hora. 

Abraço do tesco. 

SORTESFCO 57 - RESULTADO

A dezena sorteada hoje foi 59,
e a opção vencedora é de: 
HISCLA!
Parabéns!

domingo, 12 de abril de 2015

BOBAGENS LINGUÍSTICAS-29

GUARDA COME DONDOLO

Só como curiosidade exponho esse mal-entendido, que é 
perfeitamente plausível. A música é de 1962, do Edoardo 
Vianello, mas só tive percepção dela em 1965, já aos 11 anos 
de idade. 

Entendia então que o título da música se referia a uma coisa 
corriqueira, da qual muito já tinha ouvido falar: O guarda 
come 'bola': Aceita propina e faz 'vista grossa' pra alguma 
infração. Há muito que a corrupção corria solta por Pindorama. 

Bem depois, ao aprender alguns rudimentos de italiano, é 
que entendi que não era nada disso, o título dizia apenas 
"Olha como balanço",e o 'dondôlo', na verdade, se pronuncia 
'dôndolo'. 

Não vejo graça nela, mas o que tem isso a ver com o momento 
atual? É que me assombra a quantidade de gente (fora os mal 
intencionados) que pensa que foi o PT quem 'inventou' a 
corrupção! Parece que eles nunca ouviram a música do Vianello.
Rerrerré! 


SERTÃO

Estava pesquisando sobre a música "Luar do sertão", que tem 
uma polêmica sobre sua autoria, e acabei caindo no site da 
Rádio Rancho da Traíra, que afirma que a primeira música 
sertaneja gravada no Brasil foi justamete "O luar do sertão", 
em 1914, quando ainda tinha o artigo definido no título. 

Esse não era meu objetivo, mas, logo à frente, a conversa me 
interessou. Fala-se dos termos 'sertão' e 'sertanejo': 

"A denominação "Sertanejo" sempre se referiu ao indivíduo 
que vive no Sertão, especificamente, uma das quatro sub-
regiões do Nordeste do Brasil (Meio Norte, Sertão, Agreste 
e Zona da Mata), com clima semi-árido e ambiente hostil. 

A origem dessa expressão vem da época da colonização 
do Brasil, pelos portugueses que, ao encontrarem uma região 
com características típicas dos desertos, referiram-se à ela 
como um "desertão". Aos poucos, a denominação sofreu 
variações linguísticas regionais passando a ser usada a 
expressão "De Sertão" e , com o tempo, apenas "Sertão"." 

Essa etimologia para sertão, eu não conhecia, mas é a que 
consta do Dicionário Etimológico de Antenor Nascentes, e, 
mesmo duvidosa, é bem melhor do que a oferecida pelo 
dicionário online da Editora Porto, que faz o termo derivar 
"Do latim sertānu-, «do bosque», de sertu-, «bosque»".
Ora, 
desde quando se confunde sertão com bosque? 

CHULO 

Para esse tópico, transcrevo parte do que diz Ubirajara Passos 
em seu blog "Bira e as safadezas". 

"Proveniente do castelhano seiscentista chulo, o sujeito 
simultaneamente desafiador e gracioso, “insolente”. O 
adjetivo que tomou em português a conotação de 
“obsceno” ou “sexualmente imoral” era o termo pelo qual 
a aristocracia espanhola do século XVI designava, 
portanto, os membros da ralé (servos e homens livres do 
povo, trabalhadores) que tinham a coragem de portar-se 
como gente, exercendo sua própria individualidade, sem 
submeter-se aos desmandos e caprichos dos donos da 
sociedade, os nobres, que (como toda classe dominante 
que existiu desde a Pré-História Humana) se julgavam os 
únicos dignos de viver segundo seus desejos e 
necessidades, de prazer e liberdade. 

O chulo era o rebelde popular e “coincidentemente” 
passou para a nossa língua com o significado de 
grosseiro, agressivo, contrário ao “pudor”, “palavrão”. O 
detalhe é que sua rebeldia não se exercia de qualquer jeito 
(que provavelmente incluía a manifestação “inculta” de 
alguns xingamentos típicos, como corno, puta, etc.), mas 
pela suprema transgressão de vestir-se com elegância ou 
afetação própria da nobreza, audácia imperdoável para um 
reles membro do povão, considerado simples coisa ou 
gente de categoria subalterna a que não se dava outra 
prerrogativa que servir de tapete para os dominadores. O 
chulo, não se deixando pisar, e comportando-se “como 
senhor” ele próprio, era um perigosíssimo gaiato, capaz de 
falar de igual para igual com um aristocrata e se dar ao 
prazer público sem subterfúgios.

É aqui que se pode dizer "Se non è vero è ben' trovato"! 
Suas considerações sociológicas são muito acertadas. 

SÓ GAIATO

Aparentemente teria relação com o tópico anterior, pois foi 
encontrado num "Álbum chulo-gaiato", datado de 1862, e de 
autoria anônima. Mas, tendo em vista a etimologia mostrada 
pelo Bira, aí em cima, a quadrinha a seguir mostra-se chula 
apenas no conceito atual, sendo muito gaiata, realmente. 

"NOZ E A MULHER

      Como a noz foi a mulher 
      Neste mundo fabricada, 
      Não se conhece que é podre 
      Senão depois de rachada." 

Veja-se a incoerência: O homem tem a mesma 'virtude', não 
se conhece verdadeiramente um homem pela aparência 
externa, ou seja, "Quem vê cara não vê coração". O 'rapazinho' 
aí quis ser muito engraçado (talvez o fosse, nesta época) mas 
conseguiu apenas ser parcial. 

"Por hoje é só, pessoal!" (Será que já ouviram isso antes?). 

Abraço do tesco. 

SORTESCO 340

A SABEDORIA JAPONESA
COLETÂNEA EDIOURO
Reunindo provérbios, pequenas poesias, 
citações filosófias, além de pequenino 
conto folclórico, o livreto pode oferecer 
boa mostra da cultura japonesa. Contudo, 
a preocupação com a dimensão espiritual 
é escassamente abordada, ocupando-se 
bem mais com com efemeridade da vida 
e bom comportamento social (incluindo 
aí a bondade, diga-se). Inclui até citção 
de um certo Tahibito, do século 8: 
"Desde que neste mundo minha vida seja 
sempre despreocupada, e nada me falte, pouco me importa
ser verme ou pássaro 
no além". Quer dizer, também contém 
filosofias de vida nada recomendáveis. 
Ter cuidado com o que se lê é fundamental! 
Apenas 84 páginas. 

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sábado, 11 de abril de 2015

SORTESCO 339 - RESULTADO

A dezena sorteada hoje foi 93,
e a opção vencedora é de: 
CHICO!
Parabéns!

quinta-feira, 9 de abril de 2015

CONTRACANTO: FOME

Sei que foi comentário num post da Luma, mas o post não
sei o que foi. E, olhando bem, interessa 
pouco, pois o
comentário quer falar por si mesmo. 


O soneto focaliza uma necessidade básica: A fome. 
Isso está explícito em seu título. E a fome não precisa de 
intermediários, circunllóquios, meias palavras, perífrases ou 
revoluteios, ela aparece e basta! 

Porém no soneto ela é camuflada, disfarçada por outros 
apetites, igualmente imperativos. O sexo e a fome dos 
vampiros pelo sangue quente são os meios escolhidos para a 
substituição. Mas não chegam a diminuir a intensidade dessa 
necessidade vital. 

Veja o soneto e tente descobrir sobre o que versava o post 
originário. Eu nem faço ideia. 

FOME
tesco
(2005.02.27)

Desejos lúbricos, ânsia de vampiros 
Estereótipos, sutilezas loucas 
Angústia de encontros entre as bocas 
Sátiros e ninfas em conspiros 

Nestas horas sombrias eu suspiro 
As tentações que me movem não são poucas 
Deixam-me a voz cavernosa e rouca 
E é esse o momento em que deliro 

Os escrúpulos duma vez se me removem 
Meus sentidos, em ti postos, se inflamam 
Tua carne e teu sangue me comovem 

E a fome me devora e me consome 
És meu prato, meus instintos já reclamam. 
Esse o prazer supremo de quem come 

   *   *   *   

Embora possa parecer que o personagem faminto se dirija 
a uma pessoa, a intenção era mesmo dialogar com o prato, 
de preferência, cheio. 

E, incluí a carne e o sangue para incrementar a concretude 
da história, para mim, no entanto, vegetariano há 42 anos, 
isso não é alimento. Argh! 

Abraço do tesco. 

SORTESFCO 57

HOMEM DAS NEVES
ANTOLOGIA EDIÇÕES RÁDUGA
Antologia de contos de autores russos, 
publicada em Moscou, com tradutor russo 
para o português de Portugal. Não é coisa 
que se encontre a 3x4, evidentemente. 
Autores ótimos e desconhecidos por estas 
paragens, exceçao dos irmãos Abramov, 
que, praticamente, "já são de casa". 
Compõe -se dos contos: 
. História de um homem das neves
  - 
Abraham e Sergei Abramov
. Tuas mãos são como o vento - V. Firsov 
. Cuidado com o canguru - V. Firsov
. Água morta - Y. Valentinov 
Formato bolso, com 272 páginas. 

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quarta-feira, 8 de abril de 2015

SORTESFCO 56 - RESULTADO

A dezena sorteada hoje foi 91,
e a opção vencedora é de: 
HISCLA!
Parabéns!

domingo, 5 de abril de 2015

MUNDO ATUAL E PLUTARCO

- Que tem o mundo atual a ver com Plutarco, tesco? 
Você não está indo longe demais, com essa mania de ler 
coisas antigas? 

Mas eu nem li Plutarco, é que Montaigne... 

- Ih! Lá vem ele de novo com esse tal de Montaigne! 

Pois é. Quando li o capítulo 32 do 2º vollume dos "Ensaios",
arquivei esse 
trecho que achei interessante. O capítulo se
chama "Defesa 
de Sêneca e de Plutarco". 

- Defesa, é? E quem acusou? Se eles são do PT, estão... 

Nada de política! Sobre Sêneca eu nem me lembro, anotei 
somente sobre Plutarco, que foi acusado por Jean Bodin 
(1530-1595), um magistrado e filósofo contempotâneo de 
Montaigne, autor do livro “Método para fácil aprendizagem 
de História", de ignorância. 

- Vige! Então esse Bodin queria ser o cão chupando manga! 
Porque de Plutarco já ouvi falar, mas desse tal de "Bodan", 
nem o cheiro! 

Pois é, veja o que Montaigne escreveu: 

"Acho-o um pouco ousado nesse trecho de seu Méthode 
de l’histoire em que acusa Plutarco não só de ignorância 
mas também por esse autor descrever muitas vezes coisas 
inacreditáveis e inteiramente fabulosas (são suas palavras). 
Se ele tivesse dito simplesmente “as coisas diferentes do 
que são”, não haveria uma grande crítica, pois temos de 
tirar das mãos de um outro e de sua boa-fé aquilo que não 
vimos". 

Até aí, tudo certo, temos que concordar com Montaigne, pois 
a maior parte do que sabemos provém de outrem, não vimos 
nem ouvimos da fonte original. Mesmo com a transmissão 
instantânea, via eletrônica, pode-se ainda desconfiar de 
manipulações, interpretações e falta de contexto. 

- Eita! Tudo isso? 

Bem, o que não falta é teoria conspiratória. Mas continuemos 
a ler Montaigne: 

"Mas acusá-lo de ter tomado como favas contadas coisas 
inacreditáveis e impossíveis é acusar de falta de 
discernimento o autor mais judicioso do mundo. E eis o 
exemplo dele: “Como”, diz, “quando relata que um garoto 
da Lacedemônia se deixou dilacerar todo o ventre por uma 
raposinha que ele furtara e mantinha escondida sob a túnica, 
preferindo até morrer a revelar seu furto”. 

À primeira vista, é difícil acreditar nisso. Mas os costumes 
mudam, isso é notório. Não só de época como de lugar. 
Roubar o dinheiro público é algo muito feio... na Suécia! 
Mas vejamos as explicações de nosso nobre cronista: 

"Nos costumes dos lacedemônios não havia nada de 
que mais dependesse sua reputação, nem com que 
sofressem mais reprovação e vergonha do que ser 
flagrado num furto. Estou tão imbuído da grandeza 
daqueles homens que não só não me parece, ao 
contrário de Bodin, que essa história seja inacreditável, 
mas nem sequer a acho estranha e rara." 

Bem, tá explicado e faz sentido, se excetuarmos o Brasil. 
Era uma grande vergonha ser flagrado num ato ilícito, e 
aqui no Brasil também já foi assim. Tanto que, qualquer 
coisa ilegal era envolvida em sete (ou mais) capas. O mais 
importante era manter a aparência de honesto, de decente. 

Tanto que corria um 'ditado' lá em Recife, nos anos 70, 
pelo menos (hoje eu não sei se corre, nem mesmo se anda): 
"Vergonha é roubar e não poder carregar". 
Hoje há uma maior 'flexibilidade' e todos sabem que 
"Vergonha não mata ninguém!". 

Mas reparem nesse último parágrafo citando Montaigne. 
Ele explicita que "Estou tão imbuído da grandeza daqueles 
homens...", ou seja, o conceito de Montaigne sobre a 
'grandeza' (moral, evidentemente), era aparentar virtude 
e não tê-la de fato. 

- Quer dizer, a grandeza moral de antigamente também era 
uma mera ficção. 

Isso! Você foi brilhante agora, essa foi também a conclusão 
a que cheguei. Quem fica louvando o passado em questões 
de honestidade e decência, está apostando na "zebra". 

Temos que tratar de melhorar a essência, mesmo que a 
aparência deixe a desejar. "Quem vive de passado é museu".

- Epa! E o historiador? E o arqueólogo? E o geólogo? E... 

Tá certo, tá certo, foi mal! Errei, errei! 
Esqueçamos este final, temos que manter a aparência de... 
Epa, Falei demais! 

Abraço do tesco. 

SORTESCO 339

CAMINHO, VERDADE E VIDA
EMMANUEL psicografado 
por CHICO XAVIER
São 180 mensagens de Emmanuel,
com base 
em frases e situações dos
Evangelhos e dos 
outros livros do Novo
Testamento. Porém,
 fundamentadas no
amor e na caridade, 
o pensamento de
Jesus nos aparece isento do 
preconceito
e do ódio, tão peculiares ao ser 
homem,
de uma maneira geral. É uma 
conversa
franca e atual, livre dos atavismos 
e das
tradições, que apenas conduzem ao 
desamor, tão reverenciados pelos que
se 
apegam somente à letra. Formato bolso, mas 380 páginas. 

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