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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

MORTE É ILUSÃO!

- Não quero sofrer, Doutor! 
Disse o condenado ao médico que vinha lhe aplicar a injeção 
letal para a execução da  pena de morte.  
- Não vai sofrer - respondeu o médico - Apenas a picada da 
injeção e, pouco depois dormirá. A única diferença é que não 
mais acordará. 

Era um desejo estranho desse condenado, réu confesso de 
quinze assassinatos, aplicando, em todos eles, as mais cruéis 
torturas conhecidas. Esperava-se que, para um tão grande 
aficionado do sofrimento, estivesse ansioso para um pouco 
de dor, pelo menos. 
Qual! Era mais um adepto do "Nos outros, é refresco"! 

Mas ambos, médico e condenado, estavam enganados, após
injeção o condenado dormiu, mas acordou! 

O médico nada viu, mas o executado acordou num aposento 
diferente, bem mais escuro e com decoração de muito mau 
gosto. Decerto tinham-no trazido durante o sono. 

Não havia médico nem guardas, pelo menos uniformizados, 
porém, umas dez pessoas o cercavam, todas de carantonhas 
distorcidas e ferozes. O mais destacado deles falou: 

- Finalmente chegou! Era ansiosamente aguardado. He he he! 

- Que foi? Onde estou? 

- Não se preocupe, terá todo o cuidado que merece. 

Verificou que estava amarrado ao leito e, ao mesmo tempo, 
que vários dos "anfitriões" se aproximaram com cigarros 
acesos na mão e encostavam-nos em sua pele. 

- Alegre-se, estamos só começando! disse o líder, gargalhando. 

Urrava com todo o pulmão que tinha, entretanto, era apenas 
dor física, nada lhe afetava a consciência que, era só como 
semente de mostarda no mais profundo do seu ser. Sim, dor 
física, seu corpo material tinha morrido, mas ele é espírito 
imortal, como todos os seres vivos são. 

A pele perispiritual que envolve o desencarnado parece-lhe 
tão material quanto a do corpo material, transmitindo todas 
as sensações ao espírito. Por isso, muitos não se dão conta 
de que já ultrapassaram a fronteira entre as dimensões. 

Deixemos de lado, no entanto, a história desse anônimo 
executado, dezenas de casos semelhantes podem ser 
encontrados em romances psicografados. O que nos interessa 
é o fato que podemos extrair desse exemplo:
A morte é uma 
ilusão! 

O corpo material realmente morre, e não mais ressuscita - 
a não ser nos casos de quase-morte - mas a essência do ser 
humano apenas atravessa uma porta. 

E é isso, entre outras coisas vitais, que o Grande Missionário 
veio nos ensinar há quase dois mil anos atrás. E disso forneceu 
exemplo memorável, aparecendo aos discípulos, para reforçar 
o ensinamento. 

- Tanto esforço em vão! 

Não, de modo algum! Jesus conhece a mentalidade, o ritmo 
e o andamento psicológico do ser humano, além de não ser 
imediatista. Fez investimento de longo prazo e sabe quando 
pode colher os dividendos. Que representam dois milênios 
na cronologia cósmica? 

Devemos olhar pra frente e confiar no Grande Educador!
Comemoremos com alegria seu advento na Terra. 

"Paz na terra e boa vontade aos homens!" 


FELIZ NATAL! 


Abraço do tesco. 

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

CONTRACANTO: HIPOCONDRIA E COTOVIA

Depois dos (in)sucessos de ontem (post anterior), seria natural 
que nem me lembrasse de Contracanto nessa quinta. Porém 
aconteceu uma coisa boa, pelo menos pra mim, durante os 
momentos de espera. Dediquei-me a me divertir em atividade 
mental, que não é impedida pela inatividade física forçada. 

Desse modo, tentei compor sonetos, que é algo que muito me 
distrai. Nessa primeira etapa, amarrado ao tubo de soro, 
pus-me a lembrar de quem parece agradar-se de uma situação 
destas. Assim, formei este soneto, que, se não é bonito, é 
engraçado. 

HIPOCONDRÍACO
tesco
(2014.12.17)

Com o auxilio de um poste, 
Soro pinga em minha veia. 
A coisa parece feia.  
Incrivel, mas ha quem goste. 

Militando nessa hoste, 
Com cara de lua cheia, 
Tem muita gente que anseia, 
Que o sofrimento lhe arroste. 

Nao quero ser maldizente, 
Mas o dia chegara, 
Para gente que com pompa, 

Tem prazer em ser doente. 
Cara a paca pagará, 
Quem a paca cara compra. 

   *   *   *   

Aí está, saiu direitinho e fechei com um famoso 'trava-línguas', 
que, me parece, casa bem com o conceito de hipocondríaco. 
Eu só vou a hospital carregado (literalmente), mas tem quem 
vá lá, mesmo sem precisar. 

   ~   ~   ~   

Não totalmente apartado do assunto hospital, mas com um
 enfoque bastante diverso, lembrei-me de um amigo que 
rememora sua amada, "expatriada" há seis anos, e tentei 
construir um soneto para o caso. Aqui fantasiei um bocado, 
tanto na lamentação, quanto na consolação, uma vez que, 
infelizmente, nosso amigo não é espiritualista. Mas creio 
que vale a homenagem. 

COTOVIA
tesco
(2014.12.17) 

Tinha eu um passarinho 
Que a noite arrebatou 
Felicidade voou 
Me encontro agora sozinho 

Assim me esvazia o ninho 
Ventura me abandonou 
O sonho o fado levou 
Do inferno estou vizinho 

Mas quero por registrado 
Que a esperança não se foi 
De ainda tê-la ao meu lado 

Mesmo que seja depois 
De tudo ter se encerrado 
E estarmos juntos nós dois. 

   *   *   *   

Nesta existência, não conheço a sensação de uma separação 
definitiva, causada pela morte, para quem não comunga com 
os ideais espiritualistas (nem precisa ser espírita). Mas, sem 
dúvida, deve acarretar uma tristeza bem maior. 

   ~   ~   ~   

Com esses trabalhos, creio demonstrar que se pode aproveitar 
um intervalo de tempo, normalmente considerado perdido, 
fazendo-se coisa agradável, mesmo que no plano mental. 

Abraço do tesco. 

"CAIU DE COSTAS E QUEBROU... O NARIZ"

O que me aconteceu, na verdade, é que eu caí de frente e 
consegui... dores nas costas! 

Por volta das três da manhã, parti pra fazer um "lanchinho", 
e acendendo a luz da sala, fui abrir a porta, porque Pompom 
levantou-se e dava mostras de querer 'ir lá fora'. Abri a porta 
e ia voltando, sem perceber que Pompom não estava mais 
ansioso. Escorreguei num chão molhado e plaft! Meti a testa 
no chão. 

Minha testada não abriu a esperada cratera no chão, mas na 
própria testa, o piso era mais duro que o esperado. O que se 
formava no chão, eram pequenas poças de generoso sangue 
pernambucano. 

A fenda na testa deveria ter uns dois centímetros, ainda não 
a vi, mas acorreram à sala todos os que estavam dormindo 
tranquilamente: O heroi quando cai faz um bocado de barulho

Após os cuidados iniciais, resolveram me levar a um hospital, 
não protestei, a testa não me inspirava cuidados, mas, pouco 
abaixo do pescoço, as costas doíam. 

No hospital, lá pelas quatro, a testa foi medicada e fui levado 
até a sala de raios-X, pra ver o que tinha acontecido com a 
coluna. Não concluíram muito das chapas de raios-X e 
solicitaram tomografia. Depois de muito esperar foi feito o 
processo. Então, tome-lhe espera novamente. 

Aí sim, houve diagnóstico firme: Nenhuma fratura, apenas 
artrose! Beleza, antes isso que fratura cervical, não é? 
Ainda lá, foi improvisado um suporte para o queixo, com 
papelão e gaze e, receitados analgésico e antiinflamatório, 
fui liberado, creio que perto do meio-dia. 

Daqui se extrai uma boa recomendação: 
Cuidado com xixi de cachorro! 

Abraço do tesco. 

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

HEROI DE BOLAÑOS

Faz tempo que preparava dados pra falar sobre a concepção 
de heroi do Roberto Gomez Bolaños, porém, devido ao troca-
troca de computadores, perdi os dados. Refeitas as pesquisas, 
passo a tratar do tema, embora, nesse intervalo, Bolaños 
tenha desencarnado. 

Em 1970, Roberto Bolaños criou o personagem Chapolín 
Colorado, para satirizar os heróis retratados nas histórias 
em quadrinhos e nos filmes de Hollywood. O personagem é 
apresentado como um herói "mais ágil que uma tartaruga, 
mais forte que um rato e mais inteligente que um asno". 



Numa entrevista ao canal SBT, em 1988, Bolaños afirmou: 

"Chapolin é uma sátira de Batman e Superman. Quando m 
me perguntavam que se a ideia era criar um anti-herói, 
eu dizía que não, que tinha criado um herói; anti-heróis 
são Superman e todos os demais. 

Por exemplo: se Superman é capaz de deter, voando no 
espaço, um asteróide que vai se chocar com a Terra, não 
é um herói. É que quem pode fazer isso, pode fazer o que 
quer, pode enfrentar o problema físico que quiser. Esse não 
é um herói. É uma caricatura de um ser inexistente e 
impossível. E o Chapolin, ao contrário, é um ser humano 
que enfrenta todas as crises, incluindo o mais humano de 
todos os problemas: o medo.

Chapolin sente um temor enorme, pavor a mil, mas o vence. 
Derrota o seu medo e aí se converte em herói! Não é herói 
aquele que carece de medo. O herói é quem sente medo, 
enfrenta-o e o supera. O Chapolin não enfrenta a alguém 
que quer destruir o mundo, mas sim ajuda a dona de casa, 
que não tem quem a auxilie, a tirar a sujeira, a limpar a casa. 
Há ocasiões em que tem que enfrentar poderes muito grandes 
e o faz, mas nem sempre ganha, porque os seres humanos às 
vezes ganham e às vezes perdem." 

"Cervantes escreveu Don Quixote como uma crítica aos 
romances de cavalaria e, guardando as devidas proporções, 
criei Chapolin como o anti-herói latino-americano, uma 
resposta aos Batmans e Super-Homens que nos invadem 
vindos do Norte".

Aí está uma concepção válida e coerente. Neste mundo em 
que a mídia nos impõe centenas de herois imaginários, caem 
em segundo plano os milhares de herois cotidianos, que 
superam as dificuldades apesar de todo o medo que guardam. 
E, na imensa maioria das vezes, de modo lícito, o que é mais 
difícil ainda. 

Se isso não é, infelizmente, uma noção ensinada nas escolas, 
é inculcada nas mentes pela exibição na TV, dos episódios de 
Chapolin, que conta com milhões de admiradores. 

Afora isto, pesquisando sobre o Chapolin, descobri este fato 
emocionante, vivido pelo Bolaños, que eu, até agora, 
desconhecia, e que está descrito em Vila do Chaves

"Chespirito conta que em uma viagem a Colômbia com todo 
o elenco do programa estavam visitando centros turísticos. 
Eles viajavam de ônibus e em um ponto subiu um menino 
pobre vendendo doces e outras guloseimas, e quando 
chegou ao assento onde estava Chespirito, ficou hipnotizado 
e em uma fração de segundos este menino tirou todo o 
dinheiro que tinha em seu bolso e disse: 
“Chaves, toma para que compre seu sanduíche de presunto”. 
Roberto ficou perplexo perante o que este menino pobre 
acabara de fazer e ele como um cavalheiro que é, aceitou 
o dinheiro, pois não quis desfazer a ilusão do menino." 

A força da televisão não é nada desprezível! 
Que a obra de Bolaños perdure ainda por muito tempo. 

Abraço do tesco. 

sábado, 13 de dezembro de 2014

SORTESCO 328 - RESULTADO

A dezena sorteada hoje foi 04,
(item 2 do Regulamento),
e a opção vencedora é de: 
CYNTHIA!
Parabéns!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

CONTRACANTO: CORAGENS

A beleza de um poema não reside na seleção das
palavras; nem na adequação delas ao contexto; estas
são regras para prosa. A poesia cede liberdade ao autor
para elaborar as mais inusitadas combinações de termos,
e isso confere aos poemas, as  estruturas leves e soltas
que lhe são peculiares.

Poesia é a área ideal para quem tem a sensibilidade
flutuando ao sabor do vento como demonstra ser a alma
da Shirley, que, mais uma vez, nos encanta com suas
metáforas e nos alegra com o dinamismo da sua expressão.

Esta semana ela deplora a solidão de um ser cujo amado
não se apresenta - coisa muito frequente - mas se utiliza
de figuras semânticas invulgares. Pode dizer que estou
falando complicado, mas é isso mesmo que estou tentando
transmitir: A poesia de Shirley é complexa. Não é algo
como "Me dá aí dois quilos de arroz, que eu te dou dez
mirréis".

Veja o poema e entenda o que eu disse:
CORAGEM
Shirley
(2014.12.06)

"Eu quero
um corte na pele da palavra
um soco no estômago do vento
uma navalha na jugular do tempo
para assustar e dar um basta
na solidão que me devora.
Eu quero um padre
ou um analgésico
para me livrar da ansiedade
que embota a luz dos meus olhos.
A taciturna taça da noite
transborda míseras gotas de esperança
e para comprar um sorriso dos seus lábios
eu não tenho um vintém
mas você
não sabe
não liga
não vem!"

   *   *   *  

Bem, resumo tudo o que disse numa frase mais simples:
O poema é belo!

Agora é que vem o busílis! Frente a isso, o que poetar?
Meu método não é complicado, procuro captar um dos
aspectos do poema, e a partir daí, elaboro uma réplica.
Um dos aspectos não é a ausência? "você... não vem"?
A resposta nos dá o Chapolin Colorado: "Sim... Eu vou..."

Daí se origina este:

VOU SIM!
tesco
(2014.12.11)

"Nas dobras dos panos da imaginação
Cavalgo a minha águia favorita
(O tapete mágico jaz na oficina)
Para ir já ao teu encontro, minha bela!

E não preciso desfilar em passarela
Toda esta saudade que me alucina,
Quero de vez eliminar minha desdita
E ministrar um calmante ao coração.

De certo solidão é um bicho voraz,
Mas se alimentando do meu sofrimento,
Também aos poucos devorando meu sossego
Ela ainda vai morrer de indigestão.

Cedo ou tarde esta vã degradação 
Sucumbirá ao meu devotado apego
Que em ti culmina com o meu sentimento
A saudade carrega meu amor atrás."


   *   *   *  

Aí o bicho pega!
Como tenho atração pela bela forma do soneto, procuro
fugir desse magnetismo, pra não ficar repetitivo. Então
largo um verso grande, pra não cair no ritmo dos poemas
que costumo construir. Mas eis que me surge... Quem?
Um alexandrino, verso de doze sílabas. Minha tendência
para a métrica se assanha, e procuro manter a medida.

Continuo com terminações diferentes, pra não cair na
arapuca dos verso rimados. Mas me cai na tela uma
terminação igual à anterior! Então não resisto mais.
Vou de alexandrinos rimados.
Mas, pelo menos, não é um formato padrão.

E a poesia?
Essa é mais difícil de capturar.
Espero que venha à reboque.

Abraço do tesco.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

SORTESFCO 45 - RESULTADO

A dezena sorteada hoje foi 39,
(item 2 do Regulamento),
e a opção vencedora é de: 
HISCLA!
Parabéns!

domingo, 7 de dezembro de 2014

UM CONTO DO VIGÁRIO



De uma publicação portuguesa, “Caleidoscópio policiário”,
de março não sei de que ano – é, encontrei na internet e
não traz referência de ano, só diz que é de março, não digo
que é coisa de português porque já disse - editada por M.
Constantino, uma advertência muito interessante.

O autor é Gustavo Barosa. Não posso dizer que é Barbosa,
o que seria mais convincente, porque não encontrei
confirmação de que fosse apenas um erro de impressão.
Por isso, até prova em contrário, é Barosa.

Ele nos alerta para um 'conto do vigário' que, para os
leitores deste blog, que são muito espertos – prova disso
é que leem este blog – é primário, diga-se até, infantil. Mas,
sempre é bom tomar conhecimento, para podermos alertar
os outros, pobres incautos. (Sim, por coincidência, os
incautos sempre são 'os outros'!).

Conservo na transcrição as consoantes mudas, pra sempre
cutucar a memória, de que estamos 'a ler' um texto de além
mar. Mas isto não quer dizer que nossos vigaristas não
possam copiar seus 'compadres' lusitanos.

“CONTO DO VIGÁRIO
– А SENHORA PORTEIRA

de Gustavo Barosa

O nosso trabalho de hoje é-lhe dedicado a si, simpática
porteira de um prédio anônimo numa cidade algures.
É uma história, talvez divertida, de um dos cada vez mais
vulgares casos de burla.


Já lhe aconteceu, por certo, receber na portaria
encomendas para um locatário ausente em férias. Um
armário, por exemplo.

O que faz, normalmente?
Se calhar… vai buscar a chave do apartamento do tal
senhor, guia os homens encarregados da colocação do
armário, abre-lhes a porta, assiste а descarga do material
e, por fim, fecha cuidadosa e profissionalmente a porta,
quando saem os funcionários da casa que vendeu a peça
de mobília.


Atenção… pois! Se faz só isto – náo chega. E para lhe
provarmos que, efectivamente, deve fazer algo mais,
vamos contar-lhe a tal história que aconteceu a uma colega

sua.

Certa manhã, a sua colega recebeu a visita de 4 homens
que transportavam um armário. Diziam eles que se
destinava a casa do Senhor X, do 1º esquerdo, ausente em

férias mas que, antes de partir para a praia, tinha
encomendado na loja “tal” armário que hoje vinham
entregar. A porteira fez, exactamente, o que acima
descrevemos e regressou a sua casa a tratar do almoço.


Por volta do meio da tarde, os mesmos homens e a mesma
camioneta voltaram, e com as suas desculpas,
comunicaram-lhe que tinha havido um engano. O armário
que tinham trazido para o 1º esquerdo estava trocado.
Aliás, via-se logo que tinha havido um erro, pois ele até
contrastava com o estilo de decoração da bela casa. Se
fazia o favor, voltava a acompanhá-los, pois
precisavam de levar de novo o tal armário que teriam de

entregar no mesmo número mas na rua paralela. O do
Senhor X viria dentro de dois dias.

A senhora porteira nem hesitou. Acompanhou “as visitas”,
assistiu а recuperação do armário trocado, verificou,

cuidadosamente, se tudo estava em ordem, regressou a
casa e nem pensou mais no facto. Nem sequer os
empregados não voltaram, já que dois dias para o entregar
de uma encomenda duram, muitas vezes, dois meses.


O pior é que, quando o tal senhor X, do 1º esquerdo,
voltou, o prédio andou em bolandas. A sua casa tinha sido
assaltada e tinham levado os objectos mais valiosos.


Por certo já descobriu como foi, não é verdade?
Foi assim mesmo. Dentro do armário ia um 5º ladrão que,
durante as poucas horas que permaneceu, calmamente, na

habitação deserta, teve tempo de seleccionar e embalar
(para não fazerem barulho) os haveres mais caros que,
pelas suas dimensões, podia transportar. No regresso,
armário, ladrão e valores passaram ao pé da porteira sem
que ela desconfiasse do clandestino e do contrabando.

E esta? Vá lá a gente confiar nos outros!
Por isso, em situação semelhante, não hesite. Peça a
identificação, confirme junto da casa ou do inquilino,
veja notas de encomenda.

Em resumo – faça o que puder… mas faça mesmo.
Olhe que “eles” estão cada vez mais espertos!”

   *   *   *  


É isso, alguns contos do vigário são tão bem armados, que


não causa vergonha cair neles. Mas o importante mesmo é
manter-se alerta. Pode até não causar vergonha, porém
sempre causam algum prejuízo.

Abraço do tesco.

sábado, 6 de dezembro de 2014

SORTESCO 328


SHIVA, 
A ALVORADA DA ÍNDIA
de ALBERT PAUL DAHOUI


Após sete volumes de “A saga dos
Capelinos”, em que romanceou sobre os
'exilados de Capela', Dahoui prosseguiu
no mesmo tema com a série “Os arcanos
dos deuses”, que se inicia com a ação
civilizatória de quem foi denominado
Shiva. O conjunto da obra do estudioso
brasileiro, desencarnado em outubro 2009,
procura explicar os mitos da ‘queda dos
anjos’ e da ‘expulsão do paraíso’ como
fenômenos espirituais baseados na teoria
da reencarnação e exílio de espíritos de outro sistema planetário.
Não é psicografia, o texto é resultado de pesquisas e convicções
do autor. Portanto, pode ser lido como ficção histórica.
São 270 páginas. 

 
INSCREVA-SE ASSIM:
Escolha apenas UM grupo, de 1 a 20,
com 5 dezenas já determinadas.
Exemplos: Grupo 1 = dezenas 01, 02, 03, 04 e 05.
Grupo 20 = dezenas 96, 97, 98, 99 e 00.
Basta indicar esta sua escolha nos comentários.
O vencedor será indicado pelo sorteio da Loteria Federal
(link no item 2 do Regulamento), em 13/12/2014.
Escolha um grupo AINDA DISPONÍVEL,
ATÉ аs 17 horas do dia do sorteio.

SORTESCO 327 - RESULTADO

Sem concorrente,
a opção vencedora é de:
CHICO!
Parabéns!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

CONTRACANTO: RENASCER


Certamente é exagero dizer que este soneto renasceu, mas
que sofreu um certo rejuvenescimento é fato. Não em sua
estrutura ou em seu vocabulário, apenas no título, pois se
chamava originalmente “Arrependimento”, porém, após ser
publicado no jornalzinho “O Trombone”, que mantínhamos
no Hospital Getúlio Vargas, em Recife, várias pessoas se
referiram a ele como “Renascer”. Daí...

Basicamente, ele aborda uma das causas primárias da
reencarnação, que é a de refazer, em melhor feição, aquilo
que se fez erradamente em uma existência. A causa basilar,
evidentemente, é a evolução na aquisição de consciência e
de conhecimento. Não se pode abarcar todo a sabedoria,
nem mesmo a humana, em uma só vida.

Já o anseio de renascer, citado no soneto, não é obrigatório
nem geral. Talvez seja mais comum em pessoas que fazem
um acurado exame dos atos que cometeu durante a vida e
não fica satisfeita com o resultado obtido. Denota, todavia,
uma elevação de nível no pensamento, que não seria
possível, digamos, três milênios atrás. Isso, de modo geral,
porque a consciência individual evolui de acordo com cada
pessoa.

Mas, vejamos o que diz o soneto: 

 

RENASCER
tesco
(1977.02.16)

Quando a noite um dia te procurar
E a saudade encontrar-te o rumo
Quando as dores se erguerem a prumo

O sol então os raios te negar

Quando a tristeza os olhos te nublar

Tua visão nada mais vir que fumo
A amargura te jogar o sumo

E o cansaço te fizer parar


Verás enfim o tempo de rever
Tudo que nesta vida construíste
De bem ou mal, e todo teu viver

Irá te parecer um sonho triste
E terás anseios de renascer

A fim de refazer tudo o que viste."



* * * 


Claro que podem dizer: 

- Mas arrepender-se da vida que se levou também não é
obrigatório. Pode-se estar satisfeito com o que se fez.

Com efeito. E não só porque a autocomplacência faz parte
da natureza humana. Mas a reencarnação é Lei, não existe

outro modo de avançarmos, enquanto somos tão pequenos
perante a grandeza do universo. 


Abraço do tesco.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

SORTESFCO 45


OS SENHORES DO FOSSO
de MICHAEL MOORCOCK

Michael Kane, cientista e guerreiro, viaja
mais uma vez através do tempo e do espaço
até Marte, um planeta assolado pela doença
e pelo medo, para combater as estranhas
criaturas que vieram de cima, as enormes
asas a bater ruidosamente no ar calmo, com
pele dum azul-pálido, estranho, doentio,
que contrastava singularmente com o 

vermelho da boca aberta e o branco dos 
longos dentes aguçados.”. É o último 
volume de uma trilogia, mas os volumes 
anteriores (que nunca tive) não fazem falta: Tá tudo explicadinho
aqui. Ficção científica do tipo fantasia heroica”. 

Muita fantasia pro meu gosto, em 120 páginas.

INSCREVA-SE ASSIM:
Escolha apenas UM grupo, de 1 a 20,
com 5 dezenas já determinadas.
Exemplos: Grupo 1 = dezenas 01, 02, 03, 04 e 05.
Grupo 20 = dezenas 96, 97, 98, 99 e 00.
Basta indicar esta sua escolha nos comentários.
O vencedor será indicado pelo sorteio da Loteria Federal
(link no item 2 do Regulamento), em 10/12/2014.
Escolha um grupo AINDA DISPONÍVEL,
ATÉ аs 17 horas do dia do sorteio. 
 

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

SORTESFCO 44 - RESULTADO

A dezena sorteada hoje foi 12,
(item 2 do Regulamento),
e a opção vencedora é de:
DAYA ANMOL!
Parabéns!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O DRAMA DE SEMPRE


Li recentemente a primeira edição, organizada em 1984
por Álvaro Salema, da “Antologia do conto português
contemporâneo”, reunindo autores portugueses e com
uma abrangência de 60 anos. Portanto, para nós hoje,
30 anos depois, alguns dos contos já estão bem distantes.

Não é o caso de “Balada”, publicado em 1948, no livro
“Serranos” do escritor e jornalista Mário Braga (1921-),
pois trata uma temática ainda muito atual: A diferença
de recursos entre pobres e ricos.


É um conto dramático, bem contado, e com um elemento
cômico ao final, o que não lhe altera o caráter dramático,
pelo contrário, reforça-o.


E como vocês, normalmente, não estão por aí lendo alguma
antologia de contos portugueses, e como, dificilmente,irão
se deparar com este mesmo conto, trago esta boa prosa à
guisa de post. (Guisa é uma boa, né? A gente muito lê, mas
nunca usa).

BALADA
Mário Braga

"O lugar de Sequeiros planta-se no alto da Serra de Queiró,
arriba de Zebrais.


É terra de pstores, encravada entre penedos. Os homens
vivem ali, esquecidos dos outros homens, a cuidar dos
rebanhos e a ver crescer os pastos. O gado é a vida da gente
de Sequeiros; a lã, o seu trigo e o seu pão. Só nos escassos
meses de veraneio a terra fica nua e pode gear. No inverno,
vestida de branco, ela adormece. Pastores e rebanhos
pernoitam no quente dos currais, e o dia é da serra, na pista

do verde. O inverno traz a fome a homens e animais.

Semanas e semanas o gado no coberto, por culpa dos
nevões, sem poder emigrar para o vale. Depois, morre a
erva, já pouca, queimada pelo gelo, seca o leite das fêmeas,
e cresce a fome dos pastores.


Manel Libório era homem rico, senhor de terras e de muitas
cabeças. Melo Bichão era pastor velho e pobre, a quem já
ninguém confiava gado. Manel Libório vivia em casa de bom
aconchego, rodeado de família. Melo Bichão dormia quase
na rua e tinha apenas um filho amalucado. Manel Libório e
o seu rebanho passavam vida farta. Melo Bichão, o filho, e
as suas sete ovelhas curtiam fome como danados. E ambos
eram criaturas de Deus, naturais de Sequeiros.


Nesse ano, o inverno chegou cedo. Duas semanas de nevão
cobriram a serra de branco e queimaram o pastio. Foi então
que começou a tragédia do pastor velho e cansado, pai de

um filho doido e dono de sete ovelhas famintas.

Dias e noites a fio baliram os animais com fome. Dias e
noites, sem dormir, escutou Melo Bichão o triste balir das
ovelhas. E sofria no seu amor por elas:
«Cala-te, Marrafa, cala-te, Nina...»

Mas o céu não parava de abrir se em neve, e a neve em frio,
e o frio a picar a carne velha de Melo Bichão. Choramingava
o filho maluco, baliam os animais famintos na verde saudade
do pasto. E mais sofria o pastor velho com a fome das sete
ovelhas.


A casa grande de Manel Libório quase se encostava à toca
negra de Melo Bichão. Saía-se a porta, dobrava-se a esquina,
e ficava-se de caras para o aprisco.

Um aprisco como um palácio, amplo e coberto, onde as
ovelhas felizes do vizinho rico baliam alegres da fartura,
que Manel Libório tinha pasto seu e muitos braços para
lho juntarem em casa.

Definhavam as ovelhas do pastor pobre: engordavam a
recato as do pastor rico.

E mais sofria Melo Bichão: «Cala-te, Negra, cala-te, Nina...»
A neve não parava no correr das semanas. Gemia o filho
doido de Melo Bichão. Gemia, gemia. E secava-se o leite das
fêmeas, morrendo os anhos.

E uma ideia brotou no cérebro velho do pastor esfaimado.
Todas as ovelhas eram iguais, feitas por Deus; então, porque
baliam as suas de fome e as do vizinho de fartura? E não
achava resposta boa para mistério tamanho. Não pensava
em si, na sua fome; se os homens eram também iguais, por
os ter feito a todos o mesmo Deus, não sabia ele, nem tal
coisa o preocupava. Mas as ovelhas, sim, nasciam iguais da
igualdade de Deus. E, sendo deste modo, qual o remédio?
Pedir pasto ao Libório? Não! Ele era homem rico, nada daria.
Mas os animais, sim, decerto não o negariam à fome dos
irmãos. Pedir a Libório? Isso nunca. E tal ideia não lhe saía
da cabeça. Ele, Melo Bichão, pastor desde menino, sabia
falar com o gado.

Entendia-o e fazia-se entender: por isso iria até ao curral do
vizinho e contaria às ovelhas gordas a fome das sete ovelhas
magras. Não lhe negariam o pasto.
A ideia cresceu no volver dos dias. Por fim, não cabia já na
cabeça velha de Melo Bichão. Até que, a meio de uma noite
escura, acordou o filho, enrolou-se na manta, pegou no
cajado, que as pernas faltavam-lhe, olhou os animais
estendidos no chão, e saiu para as trevas forradas de
branco. «Cala-te, Boa, cala-te, Negra...»


Nada bulia cá fora, quando Melo Bichão começou a andar
com o filho maluco atrás. Caminhava lentamente,
enterrando os pés na neve fofa, e o rapaz, que acordara
estremunhado, ia a imprecar contra a friagem. O pastor
velho pensava sempre:

«Todos os animais são filhos de Deus, uns com fome, outros
com fartura, coisa mal feita!»

Dobraram a casa grande de Libório, e a cerca do aprisco
barrou-lhes o caminho. Mexiam lá dentro as ovelhas, tiniam
de manso os chocalhos. A noite porém, estava muda. Mal
transpuseram a porteira e penetraram no coberto, viram
luzir, no escuro, os olhos dos animais. Melo Bichão riscou
um fósforo, e a luz, muito amarela, derramou-se, a tremer,
pela lã farta do gado. Falava em voz baixa, meigamente:
«Lindas, lindas...»


Depois, num sussurro, explicou-lhes ao que vinha. Baliram
as ovelhas ricas e Melo Bichão entendeu a resposta.
Dobrando-se, os ossos velhos a estalar, encheu de feno,
até а boca, o saco esfiapado. E o filho maluco imitou-o.

Deixaram por fim o curral, cada um com sua carga. А frente,
o velho apoiava-se no cajado; o filho, atrás, arrastava os pés
descalços, rezando maldições e gemidos.

Quando Melo Bichão já ia longe do cercado, uma voz fina
rasgou a noite muda:

Agarra qu’é ladrão! Agarra qu’é ladrão!

Rachando o silêncio de meio a meio, o berro sobressaltou
o pastor que, ajoujado com o peso do fardo, quis alargar o
passo.

Mas, alguns metros adiante, a armadilha da neve, ainda a
cair em flocos, entravou-lhe as pernas frouxas, como se
alguém, oculto debaixo da terra, lhas estivesse a puxar. Por
mais esforços que fizesse, retesando as coxas magras, não
conseguiu libertar-se.

E, de súbito, uma angústia dolorosa fê-lo ajoelhar
lentamente no frio e branco colchão. Ainda tentou
arrastar-se, abraçado ao saco de feno, a vida das suas
ovelhas: «Cala-te, Marrafa, cala-te, Negra... »
Porém, sob a manta espessa da neve, adormeceu para
sempre, já quase à porta de casa.

E o filho doido do pastor, girando como um pião em volta
do corpo do pai, continuava a gritar:

Agarra qu’é ladrão!


* * *

Aí está! Que causas, ocultas para nós, geraram tão terríveis
consequências? Sabemos que a Justiça Divina não falha
nunca. Se falhasse não seria divina. Que mistérios guarda o
inconsciente de um demente?

Abraço do tesco.