quinta-feira, 9 de outubro de 2014
CONTRACANTO: MURALHA
Ainda em computador provisório e, devido a isso, com os
arquivos desordenados, para não deixar o frequentador
do blog na mão, vou postar o que tenho mais à mão.
É o poema da Shirley que ainda está como mais recente
em seu blog e o respectivo comentário poemado.
No poema "Muralha", Shirley não faz a mínima referência
a amores perdidos, separações, ausências, reencontros,
vinganças, ou mesmo. saudades. Topa apenas com uma
tarde chuvosa, que convida a não sair de casa e "adiar
compromissos".
Parece que as opções da personagem podem se resumir
a rever velhos álbuns de fotografias, retomar a leitura de
algum romance antigo, assistir a um filme clássico, como
"Cantando na chuva", ou, simplesmente, entregar-se a uma
introspecção indefinida, tal como é sugerida no poema:
"acendo archotes no meu mundo interior".
É uma situação em que o som da chuva nem convida a
ouvir velhas melodias, ele mesmo basta para alguém se
postar à janela e ficar observando, de longe, detalhes no
jardim, ou espreitar apressados transeuntes lá na rua
distante. É uma tarde inteiramente bucólica.
Veja a descrição da Shirley:
MURALHA
Shirley (2014.10.04)
"Pingos cantam em uníssono
caindo cristalinos e líricos
na taça turva da tarde.
Essa cortina de chuva
me protege das sensações efêmeras
justifica adiar compromissos
limita as possibilidades.
Sem nada esperar desse dia cinzento
troco ideias com a eternidade
e acendo archotes
no meu mundo interior."
* * *
Não condiz com o que falei?
Tudo singelo, tudo bonito, tudo regulado.
Mas aí aparece o tesco!
Ignorando a paz e a nostalgia desses versos, já chega
derrubando tudo, cobrando dívidas antigas - reais ou não -
bagunçando o coreto da tarde, que parecia caminhar
tranquilamente para uma noite fria e calma.
Será um antigo namorado? Um amante desprezado?
Ou, quem sabe, um equívoco desencarnado?
Queira Deus que não seja este último, eu mesmo não sei!
Sei apenas que a motivação foi enunciada: A saudade.
Veja o que rolou:
TANQUE
tesco (2014.10.08)
"Já de nada adianta esconder-te
Te encontro onde quer que estejas
E muralha não há que te proteja
Do desejo de enfim entender-te.
Se do teu compromisso comigo
Não te fere a memória lembrar
Brevemente irei te arrostar
Nosso trato. Por Deus que consigo!
Pingos de chuva de um dia cinzento
Não impedem que o meu sentimento
Te persiga pela eternidade
Para tanto não me falta o alento
Tenho a força de um quinto elemento:
Me persegue a eterna saudade!"
* * *
Vemos que a tarde parece que vai esquentar. Saudade é
motivadora eficiente, pois, como diz a canção:
"A saudade mata a gente, morena!".
Abraço do tesco.
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3 comentários:
Isso ta muito bonito, amoroso mesmo!
hiscla
Ai, ai...Preciso me cuidar rs. Moço, você está me superando!!!
Beijos!
Ah, como eu amaria ler um poema e decifrar linha por linha, palavra por palavra... e esses estão lindos, mas sei que tem muito mais do que eu consegui captar...
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