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quinta-feira, 4 de setembro de 2014

CONTRACANTO: LIA

Apresento-lhes agora a "Lia", um soneto dissílabo!

- Quié isso tesco! Soneto dissílabo não existe.

Claro que existe, tem soneto com qualquer número de sílabas.
Pode não ser usual, mas isso é outra história.
A diferença aqui é que meu soneto não segue o esquema
tradicional do soneto.

- Arrá!

Calma. Não segue deliberadamente, apenas porque mostra
a mesma rima do começo ao fim. Então, não apresenta os
quartetos e tercetos distintos por rimas, apenas a separação
visual.

Eu o chamo de soneto por comodidade, se lhe mudarem a
classificação, não faço questão. Ele conta a histó...
Mas vejam-no primeiro: 


"LIA 

Um dia 
A Lia
Se fia 
Na Bia

Que cria 
Na pia
A jia
Que chia 

A tia
    (que guia, tão pia)
Só lia
Não via

Nem cria
Por via
Que ria. "

   *   *   *  

- Epa! Eu não disse? Tem quinze versos!

Os versos que aparecem após o sétimo, entre parênteses,
são alternativa para os dois seguintes, fica a critério do
freguês. Não os joguei fora (são tão bonitinhos: cute, cute!),
pois tem o 'pia' adjetivo, contrastando (ou combinando) com
o 'pia' substantivo, alguns versos antes.

Também não quis expurgar o 'não via', pois o verbo
contrasta com o substantivo 'via', que forma a locução
adverbial 'por via', no penúltimo verso.

Assim, o leitor também participa na construção do poema.
Pois, como assevera Paulo Leminski, a poesia exige dois
poetas: O que constroi a estrutura-base e o leitor.

- Sim, mas você ia dizendo que "ele conta..."

Ah, sim, mas isso está bem explícito. É uma menina (Lia) que
diz pra sua tia o que sua coleguinha (Bia) lhe contou sobre a
criação na pia de seu banheiro, de uma perereca (jia). Até aí
nada de incomum. Mas Bia assegurou que a jia chiava. Lia,
naturalmente, não tem motivos pra duvidar. A tia, porém, que
conhece criança, nada contestou, apenas sorria.

- Mas que historinha besta! Gastou quanto tempo, inventando
essa imbecilidade?

Esse singelo poema, que rotulo soneto, brotou-me quando
estava trabalhando em Coruripe, AL, em dezembro de 1981, e
não consumiu muito do meu tempo. Mas você, Álter, deveria
demonstrar mais consideração pelo esforço criativo dos outros.
Primeiro porque você não cria po... esia nenhuma, depois 

porque um dos mais criativos bordões utilizados na televisão, 
é apenas a pergunta: "Ah é, é?".

Abraço do tesco.

3 comentários:

Anônimo disse...


Tesco, muito criativo mesmo!
lindinho e delicado.
hiscla

Shirley Brunelli disse...

Depois que você explicou detalhadamente, tesco, o soneto ficou muito bom...
Então, beijo rs!

Anônimo disse...

Muito bom!!!
Manoel Carlos