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quinta-feira, 10 de julho de 2014

CONTRACANTO: QUOQUE TU?

Prosseguindo na ideia de postar poemas novos e antigos, 
republico um soneto já postado no NPN, em 2005. 

Faz parte de uma carta de Audálio, o que me levou a 
meditar sobre a genealogia dos 'tescos'. Não há nenhum 
"Von Tescus" aqui e fico imaginando se o Ladislaus não foi, 
na verdade, um grande embusteiro. Fazia-se passar por um 
'barão alemão', o que deveria ser útil em suas conquistas. 
Penso que essa turma dos tesco se origina na Itália. 

Mas vejamos a mensagem do Audálio: 

"Não ia voltar ao assunto, mas uma simpática carta do 
jovem Audálio, à uma contemporânea sua, chamou-me a 
atenção. Trata do batido tema de amar sem reciprocidade. 
Transcrevo-a para vocês, para que possam apreciar o singelo 
soneto que ele incluiu e dedicou à sua correspondente. 

"Rio de Janeiro, 2 de junho de 1955

Querida Lilita, 

Estimo que esta te encontre em plena saúde. 
Apesar dos percalços pelos quais passas, teus males têm 
ainda remédio. 
Eu é que não ando bem, se não do corpo, padeço de 
enfermidade da alma. 
A melancolia que me assalta tem sua origem na mesma 
fonte do problema que te aflige. 

O objeto dos teus mimos ainda não te dá a atenção que 
reclamas? 
Saibas tu, que a musa dos meus anseios não revela 
nenhuma consideração aos meus apelos por fazer-me notar. 
Muito tenho-me esforçado, porém não estou à altura das 
suas posses, e é-me difícil estar nos salões que ela freqüenta. 

Veio-me à mente a similaridade de nossas situações e, pouco 
antes das primeiras claridades da manhã, após uma noite 
insone, havia composto este soneto, que dedico a ti.  

QUOQUE TU?  

A dor de te ver chorando 
É tão grande quanto o mar. 
P'ra te querer consolar 
Teus segredos vou guardando.  

Tuas mágoas me afogando 
Findarão por me matar.  
Tu vives a soluçar, 
Eu também vivo penando.  

Dar amor, não receber: 
Angústia de bem-querer,  
Tormento d'alma fatal. 

Dimensão de tal sofrer  
Eu posso compreender, 
Pois sofro do mesmo mal!  

- X - 

Deixo estar por agora e, desejando-te mil venturas, 
aguardo notícias tuas, tão breve quanto as possas enviar. 

Ósculos respeitosos e recomende-me à minha madrinha. 

Audálio de Tesco” 

   *   *   *  "

Não é um soneto espetacular, mas seu palavreado simples, 
seu tom coloquial, e seu estilo direto me agradam muito. 
Por isso é dos meus preferidos. 

Abraço do tesco.

3 comentários:

Anônimo disse...


Tesco, esses amores sofridos, quase trágicos...sei não.rsrs mas a poesia vale a pena, meu querido.
hiscla

Shirley Brunelli disse...

Fala a verdade, tesco, os poemas sofridos são os mais bonitos. Quem nunca sofreu por amor?
Um beijo!!!

Anônimo disse...

A Hiscla e a Shirley roubaram as palavras da minha boca. Um chifre faz um mal enorme para quem é traído, mas rende poesias lindas.
Beijotescas
Yvonne