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domingo, 9 de junho de 2013

BOBAGENS LINGUÍSTICAS - 15


ESPIRITUALISMO

Um dia desses, num telejornal, a repórter perguntava
a uma mocinha:
- E você? É espiritualista?
A resposta mostra o equívoco em que vivem muitos
brasileiros:
- Eu não! Num acredito nessas coisa não, sou católica!
Ora, espiritualista é todo aquele que crê que existe
alguma coisa no ser humano, além do corpo físico, e
que é comumente chamada alma ou espírito.
A imensa maioria das religiões é espiritualista,
inclusive a Igreja Católica.


O equívoco está em confundir espiritualismo com
Espiritismo, duas coisas distintas. O termo
'espiritismo' foi criado, por Allan Kardec, justamente
para diferençar as doutrinas. O espiritualismo não
era algo novo nessa época, data de milênios, mas
a doutrina resultante da comunicação com os
espíritos sim, era novidade, tanto que na Inglaterra
recebeu o nome de 'Novo espiritualismo'.


Kardec achava que "coisas novas devem receber
novos nomes", para evitar desenterndimentos, e
lançou o neologismo 'espiritismo'.


Mas isso não é ensinado nas escolas e as igrejas
de diferentes doutrinas preferem não esclarecer,
para melhor lançar seus anátemas.
Lamentável, não?



APICUM

Não sei se foi em 1985 ou 86, foi por aí, Chico (esse
mesmo que nos visita) falou-me alguma coisa sobre
o apicum. e perguntou-me:
- Sabe o que é, né?
Afirmei categoricamente:
- Sei, sim, claro.


Não lembro o que pensava então que era, se uma
restinga, se uma ilhota... Sei que, mais tarde, me
veio a dúvida:
- Epa, aticum não é isso não, é uma fruta!


O dicionário (o hábito é antigo) foi consultado e
esclareceu.
APICUM não é ATICUM, mas um brejo de água
salgada, à beira do mar. Pode até ser uma
extremidade de restinga, que, em uma das
acepções é "terreno do litoral, arenoso
e salino".


Ah, bom!
Mas, com pouca mudança, se vai longe na diferença! 



ALJÔFAR

"Aí Yvonne disse:
"Veja, "essa palavra" (esqueci qual) e aljôfar, eu
nunca usei".
Nesse momento, o sonho acabou, porque eu acordei.


O que a Yvonne tava fazendo no meu sonho, não sei,
mas era um lugar público e havia outras pessoas.
Antonio mesmo, estava ao meu lado esquerdo, e
Yvonne defronte a ele, no outro lado da mesa.
Devia ser um restaurante.


O "aljôfar" me prendeu tanto a atenção que, em
menos de um minuto, depois de acordado, esqueci
a primeira palavra. Pois também nunca utilizei o
"aljôfar", e nem sei que diabos é!


Aliás, não sabia, pois, sem internet, compulsei o
volumoso dicionário do MEC, organizado por
Silveira Bueno, 11ª edição de 1975, mas na sua
10ª tiragem, de 1986.


Então fiquei sabendo que "aljôfar" se refere a
pérolas miúdas, orvalho ou lágrimas.


Notem a inutilidade: Pérolas miúdas, se chamadas
de pérolas miúdas, não causa nenhum desconforto;
orvalho ou lágrimas, podem ser chamadas,
metaforicamente, de pérolas, sem problemas.


Então, pra que danado está o aljôfar ali?

Não está morto, pois se "quem está vivo, sempre
aparece", ele apreceu, mesmo que em sonho.
Mas que é inútil, é!



ALFORGE

Aproveitei o embalo do aljôfar, para descobrir,
exatamente, o que quer dizer "alforje".

Esse eu nunca utilizei também, mas o tenho lido
muitas vezes em livros e visto e ouvido em filmes,
e está até na letra de "Avohai", do Zé Ramalho. 


Sempre associei alforje à sacola do carteiro, e não
está muito longe do real. Trata-se de uma sacola
dupla, fechada nas extremidades e aberta no meio,
tornando-se algo próprio pra ser escangalhado num
lombo de animal, ficando uma sacola de cada lado.

Portanto, algo muito útil, bem diferente do aljôfar
que, até de rima é ruim.



MERETRIZ

O que uma meretriz está fazendo aqui, neste
ambiente tão "de família"?
É que, um dia,  me dei conta da palavra e me
perguntei:
- Qual o masculino de meretriz?


Ora, para atriz, tem-se o correspondente ator;
para embaixatriz, temos o correspondente
embaixador.
Meretor?
Ou seria, como dizia um personagem de programa
humorístico de rádio pernambucana, nos anos 60,
"meretríssimo"?
Do jeito que a coisa está no Judiciário... bom, deixa
pra lá, porque aí é bobagem, mas não é linguística.


Mas, inversamente, para corretor, não seria corretriz?
Cantor, cantriz?
Reitor, reitriz?
Diretor, diretriz?

Infelizmente nossa linguagem não é tão regular
assim. Temos que fazer mil piruetas pra falar com
razoável coerência.
Mas não dá pra esquecer que 'extensão' se escreve
com 'x', enquanto estender, não. E ambos provêm
do latim 'extendere'.


Afinal, que guardiães da língua são esses, que
perpetuam o erro?


Abraço do tesco.

8 comentários:

Anônimo disse...

Nossa! isso é uma aulinha bem humorada!
Mas ATICUM não é um corruptela de ARATICUM?
sei la´..você que é mestre nisso1
hiscla

tesco disse...

Sim, hiscla, tem razão, aticum deriva de araticum, utilizei esta forma por causa da sua semelhança com apicum. Mas, na verdade, o nome mais popular é mesmo graviola.
Beijo.

Anônimo disse...

Tesco, quanta honra estar no seu sonho. Nossa língua é muito complicada mesmo.

Eu curto uma página no Facebook chamada Gramaticando. Veja só o que aprendi: existe a palavra bimensal que vem a ser a mesma coisa que quinzenal. Prá quê complicar, né? Ninguém conhecia essa. Vou continuar com quinzenal mesmo.

Outra: qual é o plural de ancião? Acredite se quiser, anciões, anciães e anciãos. As três formas estão corretas.

Beijotescas

Anônimo disse...

Pois isso é "mistérios" para mim que nunca me dediquei ao caso.
Mas para o tesco vai tranquilamente, não é?
hiscla

tesco disse...

Yvonne, eu lia 'gibis' da EBAL, e lembro que tinha revista mensal, bimestral e bimensal também.
Mas, realmente, não tem porque complicar, né?
Quanto a bimestral, a hiscla é que é mestra nisso: Ela vive "fechando" bimestres na escola. Rerré!
A terminaçÃO 'ão' é uma invençÃO portuguesa, feita pra complicar.
Se tivessem continuado com as terminações normais do castelhano, não haveria problemas. Algumas vezes me valho da lembrança de minhas leituras em espanhol para dirimir dúvidas nos plurais de 'ão'. Por exemplo, nunca vi 'ancianes' ou 'anciones' em espanhol, somente 'ancianos', portanto (penso) o plural em português é anciãos.
Mas nossos gramáticos pintam e bordam, né?
beijos.

Anônimo disse...

AH! kk
vivo fechando bimestres?
o ano so tem 6¨! kkk
hiscla

Denise Carreiro disse...

Muitas vezes não nos atentamos ao significado das palavras e as usamos da maneira que pensamos que signifique. Pode ser que com isso, falemos coisas sem sentido. Enfim, nossa língua é bem complicada.
Tesco, obrigada pelos seus comentários e reflexões em meu cantinho. Muita paz!

Anônimo disse...

Quando criança usava muito a palavra alforje.
Manoel Carlos