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domingo, 3 de março de 2013

PROTESTANDO

RUMI

Terminei de ler o livro de Rumi, que está no sortesco 245, em
dezembro passado e considero os poemas admiráveis. Porém,
no final de cada um, quando Rumi atribui todas as virtudes e
qualidades a Shams de Tabriz, achei que tudo se torna
estapafúrdio!


A atribuição de todas as qualidades a outro ser humano é
inteligível e admissível quando o poeta é um jovem de nos
seus 20 anos, mas num teólogo de mais de 40, é contraditório:
São principalmente estes que já perceberam que tudo no
mundo é transitório e efêmero.


Esta mesma impressão eu transmiti a Laura, no blog
"Leituras de Laura", 
(infelizmente demora para carregar a
página), onde a blogueira havia acabado de ler o mesmo livro
e expunha sua resenha, elogiando o livro.
Isso pode ser visto acessando-se:
http://leiturasdelaura.blogspot.com.br/2012/12/poemas-misticos.html

Ela respondeu ao meu comentário, dizendo que:
"...é preciso entender que como sufi Rumi não vê Shams
apenas como outro ser humano notável, ele é uma forma de
entrar em contato com Deus, assim como Rumi o é para os
seus discípulos, assim como outros mestres são para outras
pessoas".


Tudo bem, isso é verdade. Afinal são poemas místicos,
não é mesmo?
Mas não pude deixar de notar a efemeridade atribuída aos
versos, no poema "[O pão do meu verso]" (os colchetes
identificam título dado pelo tradutor, Rumi não pôs títulos
nos poemas).


[O PÃO DO MEU VERSO]

Meu verso é como o pão do Egito:
a noite passa sobre ele e já não podes mais comê-lo.


Devora-o enquanto está fresco,
antes que o recubra a poeira do deserto.


Seu lugar é o clma cálido do coração,
ele não sobrevive ao gelo deste mundo.


É como um peixe na terra seca:
estremece por um instante e logo perece.


Se queres comê-lo e o imaginas fresco,
terás de invocar muitos ídolos.


O que agora bebes é tão somente tua imaginação.
Isto não é uma ilusão, companheiro!


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Eu, que não sou místico nem nada, não entendo a relatividade
dos versos do poeta, e apenas alcanço alguma coisa da poesia
romântica do século 19 e início do século 20. Minha
'sensibilidade' ficou chocada (e revoltada) com essa
fugacidade atribuída pelo poeta a seus versos.


Consequentemente, tentei compor um soneto refutando essa
fugacidade da poesia.

Infelizmente, não consegui acertar com a métrica desses
versos e mesmo o sentido da 'coisa' é desconjuntado.
Mas foi só o que me veio â mente. Vejam o "monstro":


RENOVANDO

Se o verso de Rumi é como pão,
De preferência a ser comido fresco,
Meu verso, qual vinho do coração
Quanto mais velho mais dará refresco.


Você que nunca leu um verso meu,
Não vê o transbordar de alegria,
Como Sol ao romper de um novo dia
Trazendo liberdade a Prometeu?


Doce encanto traz agora esse meu verso,
Inebriando como taça de sucesso,
O coração que se aqui renova.


Não quero desde já prometer nada,
Mas receber o golpe da enxada
É o passo pra ser fértil em toda prova.


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Bem, meus versos não rivalizam com os de Rumi, claro,
e vocês devem tentar a vitória no sortesco.
Mas, de qualquer forma lancei meu protesto.
Risos.


Abraço do tesco.

2 comentários:

Anônimo disse...

Tesco, pode ser que tenha "razão". Mas também é bom afrouxar "as razões" e da vazão aos sentimentos e virtudes, mesmo que fantasiosos.
Ora, tem obrigação com a verdade não é?
hiscla

Laura disse...

Oi Tesco!
Temos que lembrar que Rumi viveu numa época em que muito se recitava versos, mas pouco se colocava no papel! Muito se compunha de improviso e se você estava presente, ótimo, senão nunca ouviria ou conheceria o poema :-)
Abraços fraternos
Laura