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terça-feira, 13 de março de 2012

O FILÓSOFO QUE NÃO FILOSOFA

Quando ainda no início da leitura de "101 Experiências de
Filosofia Cotidiana", de Roger Pol-Droit, declarei que era
um livro que me enganou pelo título. Agora, que concluí
sua leitura, já posso afirmar com base: É abominável!


Das 101 experiências não anotei, nem indico, as muitas
inócuas ou de impacto mínimo. Porém, dezesseis delas
são claramente desaconselháveis. Veja:


8   - Ser teatral em todos os lugares
28 - Divertir-se loucamente
34 - Matar alguém mentalmente
35 - Fingir ser um animal
37 - Ser tomado por uma emoção
40 - Resmungar durante dez minutos
53 - Provocar em si mesmo uma dor rápida
55 - Vagar pela noite
69 - Temer a chegada do ônibus
71 - Comer demais
77 - Imaginar que vamos morrer
78 - Adquirir o hábito de comer o que não gostamos
81 - Considerar a humanidade um erro
85 - Ficar de joelhos para recitar a lista telefônica
86 - Trabalhar em um feriado
92 - Arrancar um fio de cabelo


- Mas , tesco, o que é que tem de desaconselhável em
'matar alguém mentalmente? Se você mesmo já fez
isso - e recomendou - em maio de 2006, no extinto
"Nós por nós"? 


Ah, sim. Mas o que eu fiz, e recomendei, foi apenas,
digamos "deletar" a pessoa, como um salutar exercício
para dispersão da raiva acumulada, e evitar que esta
se acumule ainda mais. Droit preconiza justamente o
coontrário. Atente para suas próprias palavras:


"Experimente encenar seu assassinato de forma clara
e distinta.
Escolha o momento, o lugar, a forma (as armas,
os dispositivos). Decida-se claramente entre as opções:
morte executada por você mesmo ou por outros sob
suas ordens, na sua presença ou não, com ou sem
tortura preliminar, com ou sem derramamento de sangue
Represente as diferentes cenas em seus menores
detalhes. Não omita o que acontecerá com o cadáver.
Enriqueça os detalhes, refine-os, aprimore, não seja
complacente. Faça como nos grandes filmes de terror,
pense no sangue, nas torturas sádicas. Pense nessas
mortes com satisfação, saboreie-as por algum tempo."


Não foi nada disso que eu recomendei. A menos que
você esteja planejando escrever um conto, romance
ou roteiro, revolver-se em pensamentos desse tipo não
pode acarretar nada de positivo na sua vida. Exatamente
o contrário do que Droit assevera em sequência:


"Não sé preocupe em despertar em você as tendências
ruins que poderiam lhe arrastar em uma corrente de vício".


Como não? Já dizia Buda: "Somos o que pensamos.
Tudo o que somos surge com nossos pensamentos.
O que somos é consequência do que pensamos'.


- Ah, tesco, isso é religião!

Nada disso, esses conceitos podem até serem chamados
de filosofia, mas são puramente psicologia. E ainda não vi
isso refutado por nenhum psicólogo. Entre os créditos
apresentados para Droit, não consta o de psicólogo.


E ele dá mostra de desprezar toda a Psicologia. Qual seria
a utilidade de auto-induzir-se o medo?  Desvantagens há,
com certeza. Essa atividade é visualizada nas experiências
69 - Temer a chegada do ônibus e 77 - imaginar que vamos
morrer. Esta última poderia ser salutar e vivificante, pois
todos nós vamos passar pela morte do corpo físico. Não
há, filosoficamente, motivo para temê-la. Mas Droit enfoca,
unicamente, a desintegração do corpo. Observe:


"Tente sentir sua agonia, seu cadáver, seu enterro, o
apodrecimento do seu corpo, seu esqueleto. Visualize a
tumba, os líquidos imundos. Saiba que você não verá mais
a luz do dia, o arredondamento do mundo".


Ele só compreende a consciência se unida ao corpo e nos
impõe sua visão materialista. Essa ideologia é explicitada
na experiência 91 - Contemplar um pássaro morto. Veja a
conclusão a que chega:


"De qualquer modo, o que você irá constatar, se seus olhos
se abrirem de fato, é que não há nenhum outro mundo a ser
visto, que tudo, absolutamente, está diante de nós, aqui,
agora, no presente, dado. Nada além, adiante, nenhuma
parte no tempo ou no espaço, que seja diferente, melhor,
preferível, comparável, lamentável.
Não há nada disso".


Além dessas 'incompatibilidades ideológicas', o sadismo
do "ilustre filósofo" pode ser deduzido pelas sugestões:


53 - Provocar em si mesmo uma dor rápida
71 - Comer demais
85 - Ficar de joelhos para recitar a lista telefônica
86 - Trabalhar em um feriado
92 - Arrancar um fio de cabelo


O que fazemos acidentalmente, de vez em quando, ele quer
que façamos propositadamente e sem benefício algum em
vista. E não se deve recomendar pra ninguém, comer demais.
Infelizmente, é uma tendência mundial, a mídia já nos faz a
sugestão cotidiana.


Fora isso, como não imaginar inconveniências em tentar
experiências como estas a seguir?


22 - Dizer a uma desconhecida que ela é bonita
48 - Pegar o metrô para ir a lugar nenhum
61 - Desaparecer na varanda de um restaurante
72 - Fazer apologia do Papai Noel
87 - Correr em um cemitério


Além de, para a maior parte das experiências, não dizer que
têm um efeito positivo, Droit omite falar em consequências
ruins, ou mesmo desastrosas.


Concluindo, não recomendo a leitura deste livro, nem
pretendo colocá-lo em sorteio.


PORÉM

Não sou censor, e penso que cada um deve efetuar seu
próprio julgamento, sem guiar-se exclusivamente por outrem.

Desse modo, submeto a decisão aos meus leitores, através
de um PLEBISCITO, livre e democrático, em que a maioria
simples determinará o sorteio ou não do citado livro.


Manifestem-se nos comentários, optando pelo SIM (sorteia)
ou NÃO (esquece). Computarei votos até 21/03.
Colaborem comigo!


Abraço do tesco.

5 comentários:

Yvonne disse...

Tesco, fiquei bastante curiosa. Voto SIM.
Beijotescas

Eraldo Vilar disse...

Oi Dantinhas!

Não, Não, nããããooo..

Abraço

Eraldo

Anônimo disse...

Dantinhas, opto pelo não. Chico

Anônimo disse...

Tem pergunta mais fácil não?
Olha..sinceramente, seu eu for a ganhadora pdoe sortear sim...
Yvonne e outros não se importarão, né?
rsrsrs
beijos
hiscla

Cristina disse...

Oi Roberto, adorei a forma como vc abordou a opinião sobre o livro... acho interessante que ele NÃO seja sorteado no blog, mas talvez emprestado aos amigos que curiosamente gostariam de lê-lo. Abraço. Cristina.