TRADUTOR

English French German Spain Italian Dutch Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O PASSO QUE NÃO DEI


Viajava frequentemente de avião, os treinamentos
da Empresa o exigiam. Essa é, a meu ver, a única
desvantagem de não ser lotado na sede. Eram
porém viagens curtas, uma hora no máximo, não
chegavam a importunar muito.
Até aquele dia.

O voo começou às 9:00, às 10:00 já estaria no
destino. Como sempre, não bebi nada antes da
viagem, e não tomaria nada

(alcoólico, naturalmente)
a bordo. Nada de normas da Empresa, mas é que
gosto de tomar as decisões em terra alheia
inteiramente sóbrio. Pode dizer que é bobagem
minha, mas
nunca me arrependi disso.

Decolamos sem alterações e a viagem decorria
tranquila. Ao meu lado, duas senhoras conversavam
entre si, sem estardalhaço.
Tudo calmo.

Por volta das 9:30 senti vontade de ir ao banheiro.
Levantei-me e saí do lugar sem problema, porque
sempre escolho a poltrona do corredor. Dirigi-me ao
sanitário, que estava desocupado. Entrei, fiz o
serviço, lavei as mãos, olhei-me no espelho (sem
necessidade, mas é hábito de quase todo mundo)
e preparei-me pra sair. Abri a porta pra sair, mas...

Antes que pudesse dar um passo, notei o que estava
do lado de fora: Uma escuridão absoluta, embora
com várias estrelas brilhando!
Sim, estrelas brilhando no vazio imenso! Sem limites.
Para todos os lados não vi limitação alguma, era
como se estivesse numa nave espacial.

Porém, nenhum fluxo! Nem ar saindo, nem ar
entrando. Fechei a porta aturdido.
Não era possível tal coisa: Se havia vácuo lá fora
(sim, parecia o espaço exterior à atmosfera), deveria
haver fluxo de ar, e eu não poderia estar respirando
normalmente.

Talvez houvesse uma película transparente próxima
à porta. Postei-me por detrás da porta (claro, não iria
sair pro vazio) e abri a porta um pouquinho, nenhum
movimento de ar surgiu.
Então era isso: Havia um plástico ou um vidro na
frente da porta.

Com um braço bem agarrado na parede, tateei com
o outro no vazio em frente. Nada constatei. Pelo
menos nos noventa centímetros na frente da porta
não havia nada. Intrigado com isso e, antes que me
desse uma vertigem, fechei a porta novamente.

Sentei-me na tampa do vaso, coloquei os cotovelos
sobre os joelhos, pus as mãos embaixo do queixo,
fechei os olhos e fiz o que podia fazer: Pensei.

O que estava acontecendo? Não era algo de real.
Alucinação? Onde estava o resto do avião? Não,
o avião não tinha caído e eu não estava morto, não
houvera nenhuma turbulência durante a viagem.
Mas, no caso de o avião continuar existindo eu
deveria ouvir alguma coisa proveniente do exterior
do banheiro, algum roncar, algum zumbido... Nada
ouvia. Não poderiam estar todos dormindo, era uma
viagem curta e em breve estaríamos aterrissando.

Que fazer? Ah, sim, pedir auxílio! Resolvi dar umas
batidas na porta, talvez houvesse alguém 'lá fora' e

respondesse. Dei três toques na porta. Logo ouvi a
voz de uma comissária de bordo perguntando:
- Algum problema, senhor?
Respirei aliviado. Abri a porta um pouquinho e estava
tudo normal!
Respondi:
- Agora está tudo bem. Tive um ligeiro mal estar.
Obrigado!
Com muito cuidado e ainda algum temor, saí do
sanitário e voltei à poltrona.

Ufa! Não gostaria de passar por outra dessa.
Com isolamento total e à beira de um abismo...
Deus me livre!

Logo outro passageiro dirigiu-se ao banheiro. Eu
nada poderia dizer da minha experiência, claro, era
algo muito subjetivo, não tinha nenhuma evidência
que apontasse para algo concreto.

Pouco depois, foi anunciada a nossa aproximação
do aeroporto de destino, com os avisos de praxe
para sentar-se, retornar os encostos à vertical e
afivelar o cinto. A comissária notou a ausência do
passageiro que tinha ido ao sanitário e foi chamá-lo.
Não obteve nenhuma resposta. Chamou mais
algumas vezes, batendo na porta cada vez mais
fortemente e um comissário veio ajudá-la.
Por fim a porta abriu-se. Mas não por ação do
suposto usuário: Não havia ninguém lá dentro!

O comissário entrou, apenas por desencargo de
consciência, pois não dá pra se esconder num
sanitário de avão. Pelo menos nesses de linhas
comerciais. Nos aviões de sheiks e marajás,
não sei.

Nenhuma abertura extra foi constatada. E ninguém
fugiu pela janela, óbvio. (Além disso, não é como
hotel, tem que pagar a passagem antes, não adianta
fugir pela janela).

Como resultado, aterrissamos com a ausência de
um passageiro. Houve atraso no desembarque por
este motivo. Vários agentes de segurança (do
aeroporto e da companhia) entrartam na nave,
pesquisaram, fotografaram, filmaram, cheiraram,
fungaram e perguntaram. Ninguém tinha notado
nada de anormal.

Fiquei com um drama de consciência: Pòuco podia
acrescentar aos dados e, além disso, não levariam
à sério meu depoimento. Mas me decidi logo, afinal,
se havia algo de anormal naquele sanitário, eu tinha
que avisar, para que futuros passageiros não
fossem tragados pela “singularidade” (não acho
outra pálavra pra classificar o que vivi).

Fui levado às autoridades do aeroporto e relatei
meu 'caso'. Como tinha suposto, não foi levada em
conta minha 'alucinação'. O “caso do passageiro
desaparecido” ficou assim mesmo: Sem solução.
E o fato foi noticiado pela imprensa, não havia como
manter sigilo dobre isso, o cara havia embarcado -
até havia sido filmado pelos familiares - e outros
familiares o aguardavam no destino.

Meu depoimento não chegou ao público, apenas
foi noticiado que “outro passageiro sentira-se mal

no mesmo sanitário”. Nem o nome desse
passageiro foi citado. Ainda bem.

O motivo pelo qual conto estas coisas é que, hoje
pela manhã, a manchete me pegou de surpresa,
todos os portais de notícia na internet diziam o
mesmo: Outro passageiro havia sumido a bordo!

Li alguns deles, os fatos de interesse eram muito
poucos, apenas o nome do passageiro, suas
características e seu sumiço misterioso. Uma só
coisa porém, me chamou a atenção: A empresa
era a Blog Airlines. Eu tinha viajado pela Twitter!

Um tremor me percorreu de alto a baixo: Não era
o problema com UM sanitário de avião, era coisa
mais ampla.

Não faço a menor ideia do que está em andamento.
Se os extraterrestres já começaram a invasão da
Terra, se é o começo do 'apocalipse', se erraram
nos cálculos das profecias maias, se um 'buraco
negro' errante se aproxima do planeta, se os
atlantes estão voltando...

O que sei, com certeza, é que os desaparecidos
deram um pequeno passo.
O passo que eu não dei!

Abraço do tesco.

7 comentários:

Unknown disse...

Gentem!! Será que devo ir ao banheiro no avião, de agora em diante?? MEDA!!

Anônimo disse...

Dantinhas, vc. escreve de maneira muito interessante , que atrai o leitor. Por que não escreve um livro?, Chico

Anônimo disse...

Concordo com Chico, Tesco,
por que não escreve um livro?
De minha parte, tomarei cuidado com os banheiros também..beijos
hiscla

Daniel Savio disse...

Rapaz, lembra um pouco programa Além da Imaginação....

Sendo que eu gostei.

Fique com Deus, menino Tesco.
Um abraço.

Carol Sakurá disse...

Olá,tesco!

Concordo com os comentários acima,precisamos de seu livro!

Você deixou um comentário edificante no meu blog!

Obrigada!Desejo àguas serôdias de março!

Abs!

Anônimo disse...

RAPAZ, VC Ñ PODE AVALIAR O SUSTO Q LEVEI. PENSEI Q FOSSE VERDADE.
BEIJOTESCAS
YVONN

Anônimo disse...

Reli seu conto. Espero que sso não se torne vida real!
beijos
hiscla