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quarta-feira, 17 de março de 2010

DEUS É PAI?


Não tinha reparado nisso ainda, mas a leitura
de “The Gnostic Gospels” (Os Evangelhos
Gnósticos), de Elaine Pagels (autora de "As
origens de Satanás", lembram?), me alertou
para o fato: As três vertentes de religião
monoteísta são de deuses masculinos e sem
companheiras.

As religiões são Judaísmo, Cristianismo e
Islamismo. Os deuses são Yahveh, Deus e
Allah.

“É um enorme contraste com as outras
tradições religiosas do mundo, se olharmos
o mundo antigo: Egito, Babilônia, Grécia, Roma
(celtas, germânicos, eslavos e nórdicos,
acrescento eu) ou na África, India, e
América do Norte”.


“Teólogos dessas religiões dizem hoje que
Deus não deve ser considerado em termos
sexuais. Porém, a linguagem real usada
diariamente, em preces e adorações,
conceitua uma mensagem diferente”.

Na verdade, Deus, qualquer que seja a
denominação que se dê, não tem que ter
uma definição sexual: Isso é atributo
puramente humano. Sendo espiritual, Deus
transcende qualquer classificação biológica.

Porém, pensavam naturalmente os homens
de antanho (antanho dá uma aparência de
antiguidade, né?): “Como impor a dominação
masculina à mulher, se ela tiver qualquer
participação na Divindade?”.


Das tradições judaicas, o mundo ocidental,
que se denominou cristão, aproveitou-se,
para exercer o mesmo poderio, a mesma
dominação sobre a mulher.

Verdade é que “A Cristandade adicionou os
termos do trinitarismo à descrição judaica de
Deus. Ainda assim, das três divinas Pessoas,
duas - o Pai e o Filho – são descritos em

termos masculinos, e a terceira – o Espírito –
sugere a falta de sexualidade do termo grego
neutro para espírito, pneuma”.

Mesmo entre os católicos, que reverenciam
Maria, mãe de Jesus, como a “Mãe de Deus”,
estranhamente, não existe a figura de “Deusa-

mãe”, como se faz com a mãe do rei, que é
chamada de “Rainha-mãe”.

Portanto, a trinitarização de Deus não teve,
de modo algum, como motivo a divinização
da mulher. Nem seria necessária a
multiplicação das pessoas de Deus se se
quisesse fazer isso. Muito menos a
“oficialização” de alguma deusa. Bastaria
que o conceito de Deus divulgado pela

religiões ostentasse atributos considerados
femininos (pelo menos há cinquenta anos

atrás), como suavidade, acolhimento,
carinho, compreensão.

“O divino deve ser entendido em termos de
um relacionamento dinâmico e harmonioso
entre opostos – um conceito que pode ser

similar à visão oriental de yin e yang, embora

isso permaneça estranho ao judaísmo

ortodoxo e ao cristianismo”.

Infelizmente, o conceito de Deus, para a
maioria das pessoas, é de um Deus macho e,
possivelmente, um guerreiro. Ainda é o de
“Senhor dos Exércitos”, e um “Deus

ciumento”.

Não fosse esse preconceito, de que os
machos devem ser os mandantes, os
ordenadores de tudo, os disciplinadores e

dirigentes, as coisas seriam diferentes.

Por exemplo, aquele desabafo, aquela
exclamação de esperança, que surge
quando não se tem muito (ou nenhum) jeito

a dar em qualquer coisa: “Deus é Pai!”, teria
uma outra forma. Seria “Deus é mãe!”.

Mais lógico, não?

(As citações são da obra citada de Pagels,
capítulo 3).


Abraço do tesco!

4 comentários:

Unknown disse...

Ah eu já tinha reparado. Mas meu Papai do Céu é Papai mesmo por uma mera orientação séquissual: sentar no colo do bom velhinho deve ser bom! E de Divina-Mãe eu tenho a minha, de carne e osso. Vai ver tem um pouco disso: nenhuma Deusa-Mãe seria melhor e mais amada que a Mãe-Deusa de cada um de nós (da maioria, imagino).

Daniel Savio disse...

Tesco, penso que a parte "femina" de Deus seria a Maria, mãe de Jesus, mas em si, não é tão expressiva como Jesus, ou Deus, na religião...

Fique com Deus, menino Tesco.
Um abraço.

hiscla disse...

Bem..gosto desse tema. As divindades femininas sumiram de vez (nesta tríade que das religiões) na idade média. foi preciso,pra hegemonia das igrejas. Porém, se buscar mesmo um resgate dessa História, acharemos deusas e deusas muita androgenia.
Já pensaram que era preciso um Deus guerreiro, castigador, assexuado - apesar de masculino - para manter a opressão e o patriarcalismo do medievo e antiguidade clássica? (gentiliza dizer que não existem mais)
Ora, embora eu não seja marxista radical, há uma gande dose de razão: "É o ópio do povo".
Afinal, quem quer mesmo ir pro inferno?
melhor obedecer!

Vania Mugnato de Vasconcelos disse...

Olá Tesco!

Para mim, Deus é algo muito além de qualquer imagem que eu possa fazer.

Não O imagino com a forma humana, mas como o ar que respiro, sempre presente em tudo e sem o qual não posso viver.

Chamo-O de Deus e Pai por mera questão de hábito, mas Ele poderia se apresentar a mim sem prejuízo do meu amor, como Mãe.

O certo é que essa energia que é Deus, é meu Criador e merece meu amor, respeito e dovação. A mim é tudo o que importa.

(Grata pela dica do sorteio).
Abraço!

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